Um brutal atentado com cinco carros-bomba matou pelo menos 41 civis em Kandahar, no sul do Afeganistão, horas depois de serem divulgados os resultados preliminares das eleições, que mostraram que os dois candidatos estão praticamente empatados, com o presidente Hamid Karzai na frente, com uma vantagem de apenas dois pontos porcentuais.
O ataque, que deixou 66 feridos, deu a medida do tamanho do desafio que o próximo presidente enfrentará, seja Karzai - que lidera com 41% dos votos - ou seu ex-chanceler Abdullah Abdullah, que tem 39% dos votos, com pouco mais de 10% das urnas apuradas.
Os carros-bomba foram detonados quase simultaneamente no centro da cidade e destruíram completamente mais de 40 prédios, lojas e restaurantes. Autoridades acreditam que ainda hajam vítimas sob os escombros e, por isso, o número de mortos pode subir bastante
Segundo investigações iniciais, o alvo dos ataques era uma empreiteira japonesa que teria fechado havia pouco tempo um contrato para construir uma estrada cortando uma região dominada pelo Taleban. Até o momento nenhum grupo assumiu a autoria das explosões.
O atentado foi um dos mais violentos desde a expulsão do Taleban, em 2001. "Mais uma vez, eles mataram crianças e mulheres - afegãos inocentes. Eles não são humanos, são animais", disse o chefe da polícia local, Mohammad Sher Shah.
"O céu de Kandahar ficou tomado por uma coluna de fumaça. Vi corpos por espalhados por todos os lados e pessoas feridas gritando por ajuda", disse Mohammad Ismail, um vendedor de frutas que se feriu nas explosões.
Também nesta terça-feira, um ataque a bomba matou quatro soldados americanos no sul do Afeganistão, fazendo de 2009 o ano mais violento para as tropas estrangeiras desde o início das ações contra o Taleban em solo afegão, há oito anos. Com o ataque de hoje, já são 295 militares estrangeiros mortos só nos primeiros oito meses deste ano. Em 2008, foram registradas 294 mortes entre janeiro e dezembro.
Há atualmente 100 mil militares estrangeiros no Afeganistão. Destes, 63 mil são americanos. O contingente dos EUA quase dobrou em maio, depois que o presidente Barack Obama, enviou mais 30 mil soldados para ajudar na ofensiva contra o Taleban. O reforço foi concentrado no sul do país, principal enclave dos militantes taleban.
O Afeganistão vive um limbo político desde a eleição de quinta-feira, já que tanto Karzai como Abdullah afirmam ter vencido. O ex-chanceler acusou o presidente de ter fraudado a votação em mais de 200 regiões do país.
A eleição é um enorme teste para Karzai, após oito anos no poder, e também para o presidente americano, Barack Obama, que enviou mais tropas para o Afeganistão como parte de sua estratégia para derrubar o Taleban e estabilizar o país.
A diferença de apenas dois pontos porcentuais entre os candidatos equivale a 10 mil votos, num total de 524 mil votos já contabilizados. O candidato Ramazan Bashardos, membro da etnia minoritária hazara, aparece em terceiro lugar, com 11%.
Segundo a Comissão eleitoral, o resultado oficial será divulgado apenas após o dia 3. Se nenhum dos candidatos conseguir 50% dos votos, está previsto um segundo turno para 1º de outubro.
Karzai espera que seu porcentual de votos suba bastante após a abertura das urnas nas Províncias de Kandahar e Helmand, onde a população é de maioria pashtun, assim como ele. As informações são da Associated Press.