Dois carros-bomba explodiram na sexta-feira junto a instalações de segurança em Damasco, matando vários civis e soldados, segundo a TV estatal. Foi o pior episódio na capital síria em nove meses de rebelião popular contra o presidente Bashar al Assad. A TV Al Manar, pertencente ao grupo xiita libanês Hezbollah, aliado de Assad, disse que as explosões deixaram 30 mortos e 55 feridos, sendo a maioria civis. O canal citou informações de seus próprios correspondentes no local. De acordo com o canal de TV sírio Dunia, 40 pessoas morreram e 100 ficaram feridas no ataque. A TV síria disse se tratar de um atentado suicida, e que as investigações iniciais apontam para o envolvimento da Al Qaeda. O ataque ocorreu no mesmo dia em que funcionários da Liga Árabe chegaram à Síria para preparar uma missão de monitoramento que irá avaliar a implantação de um plano de paz, o qual prevê a desmilitarização das cidades, a libertação de presos políticos e um diálogo entre governo e oposição. Os cerca de 150 monitores devem chegar ao país no final de dezembro, e ativistas dizem que Assad está intensificando a repressão com soldados e tanques antes do desembarque dos observadores estrangeiros no país. A emissora estatal de TV mostrou corpos sendo retirados em ambulâncias, e pessoas vasculhando os escombros de um edifício. Um cinegrafista da Reuters foi barrado no local. De acordo com a emissora pública, os alvos das explosões foram um prédio da administração estatal de segurança e uma delegacia local.
O governo sírio diz ser vítima de uma campanha terrorista patrocinada pelo exterior, que já teria matado mais de 2.000 soldados e policiais desde março. A Organização das Nações Unidas (ONU), por sua vez, afirma que as forças de Assad já mataram mais de 5.000 pessoas na repressão aos protestos iniciados em março, como parte da chamada Primavera Árabe. Nos últimos meses, o conflito assume ares de guerra civil, por causa de um crescente número de soldados que desertam e passam a combater as forças do governo. Os protestos contra Assad tomam conta do país inteiro, mas o centro de Damasco e a importante cidade de Aleppo (norte) permanecem relativamente tranquilas. No mês passado, uma pequena explosão perto de um prédio da inteligência síria na capital causou poucos danos.