O Vaticano cerrou fileiras em torno do papa Bento 16 neste sábado (13), desdenhando insinuações de que ele teria tentado acobertar o abuso de crianças por parte de padres na Alemanha.
"Está muito claro que nos últimos dias houve quem procurasse - com notável tenacidade em Regensburg e Munique - elementos para envolver pessoalmente Vossa Santidade na questão dos abusos", disse o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, à rádio do Vaticano.
"Para qualquer observador objetivo, está claro que essas tentativas falharam."
A ex-diocese do papa na Bavária disse na sexta-feira que ele esteve envolvido em uma decisão de 1980 de transferir um padre suspeito de abusos a crianças.
O pontífice - então Joseph Ratzinger - concordou que o padre fizesse terapia na reitoria de uma diocese em Munique e Freising, onde foi arcebispo de 1977 a 1981.
Mas ao invés de enviar o padre para terapia, o então vicário-geral da diocese Gerhard Gruber o indicou para uma paróquia em Munique sem restrições. Gruber assumiu total responsabilidade pela decisão, informou a diocese.
Na sexta-feira, o líder da Igreja Católica na Alemanha informou os jornalistas sobre a situação no país, onde mais de 100 relatos de abusos em instituições católicas emergiram, incluindo um ligado ao prestigioso coral de Regensburg, liderado pelo irmão do papa entre 1964 e 1994.
O Vaticano defendeu o pontífice enfaticamente no sábado, quando os comentários de Lombardi foram seguidos de uma entrevista do promotor oficial da Santa Sé, ou "promotor de justiça."
O monsenhor Charles. J. Scicluna disse ao jornal dos bispos italianos Avvenire que as acusações de que o papa ajudou a encobrir abusos são "falsas e caluniosas."
Lombardi disse que as regras da igreja para controlar e punir abusos não criaram as condições para qualquer acobertamento e são, pelo contrário, vigorosas e severas.
"É apropriado lembrar que tudo isso foi estabelecido pelo cardeal Ratzinger quando ele era prefeito da Congregação", disse Lombardo.
"Sua conduta sempre foi de rigor e consistência ao lidar mesmo com as situações mais difíceis."