São Paulo A confirmação da morte de 11 deputados colombianos aparentemente executados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) causou um misto de revolta e angústia entre os familiares das vítimas, que culparam o governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, pela morte dos reféns.
"A escolha do presidente de não negociar com as Farc e a falta de vontade da guerrilha de chegar a um acordo criaram uma cortina de fumaça em torno da questão dos reféns que, infelizmente, terminou com a morte de 11 inocentes", disse Diego Quintero, irmão de uma das vítimas, o deputado Alberto Quintero, por telefone. "Sinto um enorme vazio de não ter mais meu irmão ao meu lado, mas eu e os outros familiares não vamos desistir da causa. Continuaremos cobrando providências do governo para que essa tragédia não se repita com os outros seqüestrados que ainda estão sob domínio das Farc." Yolanda Narváez, irmã de outra vítima, o deputado Juan Carlos Narváez - presidente da Assembléia de Valle del Cauca no momento do seqüestro estava inconsolável quando falou à AE por telefone. "Eu não confio mais em Uribe porque está claro que essa tragédia foi resultado de um resgate militar. A guerrilha sempre deixou claro o que aconteceria no caso de um resgate desse tipo", disse. "Sempre tivemos esperança de que um dia Juan voltaria. Nunca imaginávamos que isso iria acontecer." Segundo Yolanda, a filha de 8 anos de seu irmão é a que está tendo mais dificuldade em lidar com a morte do pai. "Quando meu irmão foi levado pelas Farc, ela era muito nova, então ela está muito triste porque tem poucas recordações de seu pai", disse.
Patricia Nieto, mulher do único sobrevivente do grupo de deputados, Sigifredo López, disse por telefone que, mesmo sabendo que seu marido está vivo, ela ainda não está tranqüila. "Estou muito preocupada com o estado de saúde de meu marido," disse. Para ela, o mais dolorido é ver os filhos crescerem sem o pai estar por perto. "Sinto falta dos fins de semana, de ir ao cinema com ele, e meus filhos sentem falta do pai dar boa noite na hora de ir dormir."
Entre os 12 deputados seqüestrados pelas Farc em 11 de abril de 2002, 5 eram advogados, 1 era filósofo e 1 era músico. A última vez que as famílias dos deputados receberam uma prova de vida dos reféns foi em abril.
O marido da ex-candidata presidencial colombiana, Ingrid Betancourt seqüestrada pelas Farc desde 2002 , disse por telefone que a notícia da morte dos deputados o deixou apreensivo. Para Juan Carlos Lecompte, a tragédia foi resultado das pressões do exército do país.
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