Bogotá - O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou neste domingo, em entrevista, que a guerrilha das Farc deve compreender que está isolada e pode estar diante da última oportunidade de uma saída negociada para o conflito.
"Eles estão cada vez mais isolados. Tomara que entendam que talvez seja a última oportunidade que terão", afirmou Santos ao jornal El Tiempo, de Bogotá.
O presidente não fechou a porta a um diálogo com as Farc, que a guerilha já propôs, mas condicionou a negociação a uma demonstração de desejo real de diálogo mediante gestos como a libertação de todos os sequestrados e o fim dos atentados e do recrutamento de menores.
"Obviamente nada me satisfaria mais do que poder se o presidente que chegue à paz. Mas seria pior, muito pior, ser o presidente que teve outro fracassso", afirmou Santos.
Em fevereiro completou uma década do fracasso das últimas conversas de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), grupo insurgente mais antigo da América Latina com quase meio século de luta armada.
"Em muitas ocasiões nos enganaram, em muitas ocasiões o povo colombiano saiu prejudicado pela pressa de se chegar a um acordo com as Farc, mesmo quando eles não tinham realmente a intenção de fazê-lo", reforçou Santos.
"Por isso, não vou me precipitar a nada até estar certo", assegurou.
Sobre a entrega por parte das Farc, na segunda-feira, dos últimos 10 policiais e militares que diziam ter sequestrados, Santos reiterou que "é um passo na direção correta", mas "não suficiente" para se sentar e negociar.
As Farc também anunciaram recentemente que abandonaram o sequestro de civis como meio de financiamento.
O presidente assegurou que seu governo está "construindo as verdadeiras bases para a paz" mediante suas iniciativas de reparação das vítimas, restituição de terras despojadas e luta contra a extrema pobreza.
Nos últimos anos, o Exército colombiano encurralou as Farc nas regiões mais afastadas do país e conseguiu abater seus principais líderes.
O novo líder máximo, Timoleón Jiménez, aliás 'Timochenko', dirigiu várias propostas de diálogo a Santos, ao mesmo tempo que a guerrilha intensificou os ataques contra as forças de segurança no último ano.