Após vários comentários positivos sobre Barack Obama, o líder cubano Fidel Castro fez na quinta-feira (29) as primeiras críticas ao recém-empossado presidente dos Estados Unidos. Fidel reclamou do fato de seu país ser usado para os EUA manterem a base naval de Guantánamo e pediu a devolução da área.
"Manter uma base militar em Cuba contra a vontade de nosso povo viola os mais elementares princípios do direito internacional", afirmou Fidel em uma de suas "Reflexões", as colunas de opinião publicadas em jornais oficiais. Ele considera a questão "um ato de soberba e um abuso de seu imenso poder contra um pequeno país".
Ao chegar à Casa Branca, na semana passada, Obama firmou uma resolução para fechar a prisão instalada em Guantánamo por seu antecessor, George W. Bush. No local são mantidos dezenas de suspeitos por terrorismo, muitos sem acusação formal. Vários governos e personalidades aplaudiram a medida. Porém, Cuba indicou que isso era "insuficiente", pois também era preciso devolver o território ocupado pelos militares norte-americanos desde o início do século 20.
Fidel afirmou que Cuba não aceitará qualquer condição dos EUA para devolver a área onde a base está localizada, particularmente se envolver mudanças no sistema comunista na ilha. Vários líderes latino-americanos pediram a Obama o fim das sanções a Cuba e a devolução do território. Logo após a posse do democrata nos EUA, Fidel escreveu que Obama era um homem sincero e honesto.
Já no novo texto, Fidel criticou o apoio de Washington à ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza. "É o modo de compartilhar o genocídio contra os palestinos em que caiu nosso amigo Obama", disse. Fidel afirma que o país de Obama "nunca se distanciará de Israel", seu principal aliado na região e importante cliente "da próspera indústria militar" norte-americana.
Aos 82 anos, Fidel deixou o poder para seu irmão Raúl Castro em 2006, quando foi submetido a uma cirurgia intestinal de emergência. Desde então não aparece em público, mas às vezes recebe políticos aliados e personalidades. A última a se reunir com o ex-líder cubano foi a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na semana passada.
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