O ex-presidente de Cuba Fidel Castro disse no domingo (19) que o embargo norte-americano ao seu país deve terminar, mas não fez referência à recente oferta do seu irmão Raúl, atual presidente, para conversar com os Estados Unidos a respeito de "tudo", inclusive presos políticos e direitos humanos.

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As declarações de Fidel aparecem em um novo artigo no site Cubadebate, o primeiro a respeito da Cúpula das Américas ocorrida em Trinidad e Tobago, onde diversos líderes latino-americanos pediram ao presidente Barack Obama que suspenda o embargo imposto pelos EUA a Cuba desde 1962.

Fidel disse que Obama é "muito inteligente", mas foi "áspero e evasivo" ao responder no domingo a respeito do embargo, durante a entrevista coletiva de encerramento da cúpula.

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"Desejo lembrá-lo um princípio ético fundamental relacionado a Cuba: qualquer injustiça, qualquer crime, em qualquer época não tem pretexto algum para perdurar, o cruel bloqueio contra o povo cubano custa vidas, custa sofrimentos", acrescentou.

Às vésperas da cúpula, que começou na sexta-feira (17), Obama abriu algumas brechas no embargo, ao suspender as restrições para viagens e remessas financeiras de cubano-americanos para a ilha, e ao autorizar empresas norte-americanas de telecomunicações a prestarem serviços para o país vizinho.

Obama disse esperar que Cuba demonstre seu desejo de normalização de relações liberando presos políticos e rebaixando o ágio na conversão de dólares em pesos cubanos.

O presidente de Cuba, Raúl Castro, disse na quinta-feira (16) que Cuba está disposta a manter conversações com os Estados Unidos, inclusive em temas que são sensíveis para o regime de Havana, como direitos humanos, liberdade de imprensa e presos políticos.

"A prova para todos é que não sejam só palavras, mas também fatos", disse Obama no domingo. Ele tem dito que pretende reformular as relações entre Washington e Havana, mas que continuaria usando o embargo como forma de estimular reformas na ilha.

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Em seu artigo, Fidel citou grande parte de um discurso proferido por seu aliado Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, que falou em Trinidad sobre o longo histórico de queixas latino-americanas contra os EUA e repetiu uma frase que teria dito certa vez ao ex-presidente norte-americano Jimmy Carter: "A Nicarágua não tem de mudar, quem tem de mudar são vocês."

"A Nicarágua não lançou uma só pedra contra a nação norte-americana; a Nicarágua não impôs governos nos Estados Unidos; são vocês os que têm de mudar, não os nicaraguenses", disse Ortega, segundo a citação de Fidel.

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