A boa imagem das universidades alemãs e do gabinete da chanceler Angela Merkel receberam alguns arranhões com o aperfeiçoamento do método de trabalho dos “caçadores de plágio”. Depois do então ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, e do da Educação, Annette Schavan, uma terceira integrante corre o risco de perder o título de doutora.
Caçadores descobriram que há plágio em 27 das 62 páginas da tese defendida em 1991, na Escola Superior de Medicina de Hannover, por Ursula von der Leyen, responsável pela pasta da Defesa.
“A ministra precisa renunciar porque não foi correta no seu trabalho, foi preguiçosa e não foi honesta ao usar como seu textos de outros autores”, disse Martin Heidingsfelder, criador da plataforma VroniPlag, especializada no exame de doutorados.
Os caçadores de plágios se veem como policiais em ação contra a decadência da atividade científica. Heidingsfelder é um dos pioneiros na tarefa, que hoje ocupa cerca de 300 cientistas, a maioria anônimos.
Em 2011, o político Karl-Theodor zu Guttenberg, que usava o título de barão e de doutor, inspirou a criação da primeira plataforma de caça ao plágio, a GuttenPlag, da qual Heidingsfelder participou.
O carismático Guttenberg, político mais popular do gabinete de Merkel, plagiou quase 100% da sua tese de doutorado de Direito. Depois de o plágio ser descoberto, ele perdeu o título, renunciou ao posto de ministro da Defesa e emigrou para os EUA. “Nós fomos descobrir que Guttenberg não era na verdade um caso único e que o fenômeno do plágio nas teses de doutorado era muito mais comum do que se julgava”, disse Heidingsfelder.
Em seguida, ele registrou em patente a plataforma “Vroni Plag”, que iniciou as atividades desvendando a origem da tese de doutorado, também de Direito, de Veronika Sass, a filha do ex-governador da Baviera, Edmund Stoiber. Depois que a universidade comprovou as irregularidades descobertas, Veronika perdeu o título.
Há dois anos, os caçadores conseguiram lançar mais uma bomba com a avaliação da tese de Annette Schavan, a então ministra da Educação do governo Merkel. Depois que a Universidade de Düsseldorf comprovou que quase toda a tese era plágio, Schavan foi forçada à renúncia.
Em andamento está a avaliação da tese de doutorado da chanceler Angela Merkel. “Mas até agora não conseguimos ir adiante porque precisamos conseguir mais fontes para comparar textos”, explicou.
O caso da tese da ministra Ursula von der Leyen, sobre o papel da proteína reativa C no parto, está sendo julgado pela Escola Superior de Medicina de Hannover.