Os ataques aéreos estrangeiros contra as forças do governante Muamar Kadafi entraram nesta quinta-feira (24) em seu sexto dia, e um oficial britânico disse que a Força Aérea do país do norte da África foi praticamente destruída. Os ataques devem continuar por algum tempo, após a França comemorar o sucesso da operação. Já o vice-almirante britânico Greg Bagwell afirmou que a Força Aérea da Líbia estava quase totalmente destruída e "não mais existe como uma força de combate".
O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, disse à rádio RTL que os ataques foram "um sucesso" e devem "continuar enquanto for necessário". Ele negou que as ações tenham matado civis, afirmando que "é exatamente o contrário", ou seja, que civis foram salvos pelos ataques aéreos. Os militares franceses anunciaram um ataque a uma base aérea durante esta madrugada.
Juppé também indicou que a França, que por enquanto bloqueia os pedidos dos Estados Unidos e de boa parte do Ocidente para que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fique com a responsabilidade da campanha, agora era a favor de entregar esse comando à aliança. Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma intervenção militar na Líbia para proteger os civis. Estão autorizados ataques aéreos, mas não uma invasão por terra.
A França insiste na formação de uma coalizão de países para lidar com o tema, a fim de não excluir os Estados árabes. Já a Itália exige que o comando fique apenas com a Otan. Um diplomata da aliança disse que representantes das 28 nações da Otan iriam se reunir hoje para buscar uma decisão.
Ataques
Um porta-voz britânico, o general John Lorimer, disse que um submarino britânico disparou uma nova salva de mísseis Tomahawk nos sistemas de defesa aérea da Líbia. Ele não deu, porém, detalhes sobre os alvos nem o resultado dessa ação. Funcionários norte-americanos também especulavam sobre se a contínua pressão forçaria Kadafi a deixar o poder, após mais de quatro décadas comandando a Líbia.
Testemunhas disseram que houve uma grande explosão em uma base militar em Tajura, bairro residencial 32 quilômetros distante da capital. A agência estatal JANA afirmou que os ataques da coalizão em Tajura mataram "um grande número" de civis. A versão não pode ser verificada de modo independente. Em Tajura ficam várias bases militares líbias e a área foi atingida no primeiro dia de operações internacionais, no sábado. A França iniciou os ataques, para impor uma zona de exclusão aérea no país do norte da África, no âmbito da resolução aprovada pelo Conselho de Segurança.
O secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, disse que a crescente pressão sobre Kadafi encorajaria seus aliados ou mesmo familiares a derrubá-lo do poder. O presidente dos EUA, Barack Obama, insiste que Kadafi deve renunciar. Os militares norte-americanos disseram que as tropas de Kadafi, que antes ameaçavam cidades controladas pelos rebeldes, agora eram alvos de ataques aéreos da coalizão. "Nós estamos pressionando as forças em solo de Kadafi que estão ameaçando cidades", disse o almirante Gerard Hueber, comandante da operação dos EUA para a missão na Líbia.
O ministro da Defesa francês, Gerard Longuet, disse que "a zona de exclusão aérea tornou-se uma realidade". Antes, a força aérea de Kadafi estava disparando contra manifestantes e rebeldes oposicionistas.
Forças de Kadafi com tanques atacavam ontem o único hospital de Misurata, cidade controlada pelos rebeldes que é atacada por partidários do líder há semanas. "A situação aqui é muito ruim e muito séria. Os tanques estão disparando no hospital e em casas" disse um porta-voz dos rebeldes. Na terça-feira, 17 pessoas foram mortas por atiradores de elite e bombas em Misurata, segundo um médico.
O Conselho de Segurança da ONU se reúne hoje para discutir a crise na Líbia. O comandante das forças da Otan na Europa, o almirante norte-americano James Stavridis, está em Ancara hoje para debater a possível participação dos turcos na ação na Líbia. O Parlamento turco deve votar hoje uma proposta para enviar cinco navios e um submarino para integrar a missão da Otan no país, a fim de impedir o tráfico de armas. A Turquia e a Alemanha, ambos membros da Otan, demonstraram reservas quanto à intervenção militar na Líbia.
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