As forças de segurança sírias dispararam neste sábado (08) em direção à imensa multidão que participava do funeral do líder curdo Mechaal Tamo, assassinado na véspera em Qamichli, nordeste da Síria, deixando pelo menos dois mortos e vários feridos.

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Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), "o funeral de Mechaal Tamo se transformou em uma manifestação de 50.000 pessoas que exigiam a queda do regime" do presidente Bashar al-Assad.

As forças de ordem abriram fogo, deixando dois mortos e vários feridos, acrescentou o OSDH, com sede no Reino Unido.

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Tamo, de 53 anos, importante líder curdo que havia se juntado ao Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, foi assassinado na sexta-feira por homens armados a bordo de um veículo quando estava diante da casa de um amigo, em Qamichli, segundo militantes.

Seu filho Marcel, gravemente ferido no ataque, foi hospitalizado, de acordo com o OSDH, que indicou que uma militante curda da Corrente do Futuro, partido de Tamo, também havia ficado ferida.

A agência oficial síria Sana afirmou que o líder curdo foi assassinado por "homens armados em um carro preto, que atiraram contra o veículo" de Tamo. Fundador da Corrente do Futuro, partido curdo liberal, Tamo foi libertado recentemente depois de ter ficado na prisão durante três anos e meio. Ele rejeitou as propostas de diálogo apresentadas pelas autoridades aos partidos curdos.

Os Comitês de Coordenação Locais (LCC), que reúnem manifestantes pró-democracia, acusaram neste sábado as autoridades de querer "liquidar fisicamente" as principais figuras da oposição.

"O regime realiza liquidações físicas para combater a revolução, aproveitando-se da inércia da comunidade internacional que leva muito tempo para tomar as medidas (adequadas) frente aos crimes cometidos contra o povo sírio", afirmaram os LCC.

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Em um comunicado, a chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton condenou "com a maior firmeza" este assassinato, "assim como todos os atos que incitam os conflitos interétnicos e interconfessionais" na Síria.

Na sexta-feira à noite, a Casa Branca já havia condenado com veemência o assassinato de Tamo, pedindo ao presidente Assad que deixe o poder "agora".

Pela primeira vez, o presidente russo, Dmitri Medvedev, cujo país é um aliado próximo de Damasco, também mencionou na sexta-feira um saída de Assad, reafirmando sua oposição a qualquer ingerência ditada pelos ocidentais.

"Trabalhamos ativamente com os dirigentes sírios para que eles realizem as reformas indispensáveis. Se eles não forem capazes de realizar essas reformas, devem sair", disse. "Mas cabe ao povo e ao regime sírio decidir isso, e não à Otan ou a alguns países europeus".

O novo episódio de violência deste sábado ocorre no momento em que cerca 90 representantes da oposição, incluindo membros do CNS, estão reunidos até domingo ao norte de Estocolmo.

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Burhan Ghaliun, figura histórica da oposição e representante provisório do CNS, participa da reunião, segundo Laila Naraghi, do Centro Internacional Olof Palme.

Criada no final de agosto em Istambul, o Conselho reúne a maioria das correntes políticas que se opõem ao regime sírio, em particular os LCC, os liberais, a Irmandade Muçulmana, clandestina há muito tempo na Síria, e partidos curdos e assírios.

O CNS tenta obter o apoio dos países árabes e desenvolver seus contatos com os países ocidentais.

De acordo com a ONU, a repressão ao movimento de contestação ao regime de Assad deixou mais de 2.900 mortos desde 15 de março.

Ainda neste sábado, um adolescente de 14 anos foi morto e 14 pessoas ficaram feridas quando as forças de ordem atiraram contra os participantes dos funerais de três vítimas do regime em Duma, próximo a Damasco.

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Um jovem, que havia sido detido na quinta-feira pelos agentes de segurança, morreu neste sábado na prisão em Dmeir, também localizada perto da capital.

Em Homs (centro), os moradores temem uma vasta operação militar em Qusseir. A comunicação telefônica foi cortada e os acessos à cidade foram fechados.

Em Londres, a Polícia britânica anunciou a detenção de sete pessoas que protestavam diante da embaixada síria, entre elas três que subiram no telhado da sede diplomática para exibir a bandeira curda.

Entre 50 e 60 pessoas haviam se reunido em frente à embaixada síria para protestar contra o regime de Bashar al-Assad.

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