Forças de segurança sírias lançaram ataques contra dissidentes nesta segunda-feira, denunciaram ativistas, enquanto a Cruz Vermelha conseguiu acessar uma prisão de Damasco pela primeira vez desde o início das revoltas sírias.

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Ativistas afirmaram que ao menos 13 pessoas morreram durante os recentes atos de violência: oito em ataques na província central de Homs, quatro quando um ônibus com trabalhadores do setor petroleiro foi atingido por tiros. Um homem foi morto quando tentava atravessar a fronteira com a Turquia.

O derramamento de sangue ocorreu enquanto o líder do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Jakob Kellenberger, encerrava uma visita à Síria, onde grupos de Direitos Humanos indicam que 10.000 pessoas foram presas desde que os protestos contra o regime começaram, em meados de março.

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Um funcionário da Liga Árabe afirmou que o secretário-geral Nabil al-Arabi visitará Damasco na quarta-feira, levando uma iniciativa de paz árabe para solucionar a crise na Síria.

O CICV informou que Kellenberger se reuniu com o presidente Bashar al-Assad antes de divulgar sua visita e anunciou que delegados da Cruz Vermelha visitaram a prisão central de Damasco, no subúrbio de Adra, no domingo.

"Inicialmente, nós teremos acesso a pessoas detidas pelo Ministério do Interior, e esperamos que em breve possamos visitar todos os presos", disse Kellenberger em um comunicado.

"Este é um passo importante para nossas iniciativas humanitárias na Síria", disse.

O CICV afirmou que Kellenberger "saudou os progressos feitos em termos de acesso a áreas afetadas pela violência. Ele enfatizou que uma das suas principais preocupações atuais é garantir que os feridos e os doentes recebam atendimento médico".

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Em sua reunião com Assad também foram abordadas "as regras para o uso da força pelas forças de segurança na situação atual e a obrigação de respeitar o bem-estar físico e psicológico e a dignidade humana dos detidos", disse.

No terreno, tropas e forças de segurança atacaram diversos distritos de Homs, matando oito civis, e também lançaram ataques na província central de Hama, outro reduto dos protestos contra o regime.

O Comitê Coordenador Local informou que um homem foi morto por um atirador na região de Idlib, nordeste da Síria, ao tentar atravessar a fronteira com a Turquia.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que um homem e seu filho estavam entre os mortos em Homs, acrescentando que eles aparentemente foram mortos por militantes pró-regime em motos.

O Observatório também informou que quatro pessoas morreram e 11 ficaram feridas quando atiradores fizeram uma emboscada contra um ônibus que transportava funcionários de uma petroleira síria.

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O grupo sediado na Inglaterra informou também que ao menos 35 pessoas ficaram feridas em Homs, onde mais de 80 pessoas foram presas na cidade de Al-Khalidiyeh.

Uma vala comum contendo os restos mortais de sete pessoas foi descoberta perto do vilarejo de Rami, nordeste da Síria, informou o Comitê Coordenador Local, acrescentando que o Exército conseguiu evitar que os moradores recuperassem os corpos.

Mais de 2.200 pessoas foram mortas na Síria desde o início das marchas de protesto, quase diárias, segundo as Nações Unidas. O regime de Assad diz combater "gangues armadas terroristas" apoiadas por estrangeiros.

Segundo a Anistia Internacional, ao final de agosto, o número de mortos em prisões sírias disparou em 2011, e incluiu 10 crianças.

"Oitenta e oito dessas mortes foram reportadas à Anistia Internacional como tendo ocorrido no período de 1º de abril a 15 de agosto", destacou a Anistia, acrescentando que em pelo menos 52 delas havia evidências de que torturas causaram as mortes.

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No campo diplomático, Arabi disse que Damasco concordou com uma visita que ele havia anunciado uma semana antes, depois que o bloco de 22 países se reuniu para discutir a crise síria. "Expressarei as preocupações árabes e ouvirei", afirmou.

Depois de uma reunião especial sobre a Síria, celebrada em 27 de agosto, a Liga Árabe anunciou que o chefe da organização iria a Damasco.

Um diplomata árabe no Cairo afirmou que vai reiterar os pedidos internacionais por uma "suspensão das operações militares, pela libertação de prisioneiros e pelo lançamento de reformas políticas" na Síria.

Depois do encontro de 27 de agosto, ministros árabes das Relações Exteriores pediram o "fim do derramamento de sangue e (que a Síria) siga o caminho da razão antes que seja tarde demais", pedindo reformas no país.

Damasco informou que o comunicado continha "linguagem inaceitável e preconceituosa", deixando Arabi à espera de um sinal verde para a visita proposta.

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