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Buenos Aires - A fragilidade e a fragmentação da oposição argentina potencializaram a arrasadora vitória da presidente peronista Cristina Kirch­­ner nas eleições primárias realizadas no domingo, na Argentina.

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Cristina obteve 50,1% dos vo­­tos, contra 12,2% de Ricardo Al­­fonsín (UCR), 12,2% de Eduardo Duhalde (União Popular) e 10,3% de Hermes Binner (Frente Ampla Progressista), com 97% das urnas apuradas.

Apesar de se tratar de uma vo­­tação primária, cujo objetivo era apenas o de confirmar candidatos para a eleição oficial, em outubro, Cristina teve o melhor desempenho de um candidato a presidente desde a eleição de Raúl Alfonsín, em 1983.

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Para a oposição, a votação foi cruel. Surpreendida pela avalanche de votos kirchneristas, ela viu três dos seus principais candidatos praticamente empatados, distantes quase 8 milhões de votos de Cristina Kirchner.

A incapacidade de se comunicar foi um dos aspectos que contaram no vexame da oposição, se­­gundo disse à reportagem Agustín Campero, um dos coordenadores da campanha de Ricardo Alfonsín.

"Foi surpreendente Cristina ter a votação que teve. Realmente es­­tá complicado reverter esse ce­­ná­rio, mas vamos tentar", admitiu.

Campero afirmou que a esperada união da oposição após as pri­­márias não vai ocorrer, sobretudo pela semelhante votação re­­cebida por Alfonsín, Duhalde e Binner.

Para o sociólogo e professor da Universidade de Buenos Aires Mar­­cos Novaro, a oposição, além de fragmentada, piorou com relação à primeira eleição de Cristina, no sentido de não ter conseguido apre­­sentar uma alternativa ao kirchnerismo.

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Para ele, a alta votação de Cris­­tina – após perder na capital, em Santa Fe e Córdoba – foi uma surpresa. "Ela parece estar mais forte do que o próprio kirchnerismo. As pessoas votaram nela, pessoalmente, pois ela conseguiu criar uma conexão com o povo. Está se mostrando melhor candidata que Néstor".

Na tarde de ontem, a presidente concedeu uma rara entrevista coletiva a jornalistas. Foi a primeira em mais de 18 meses. Sorri­­den­­te, Cristina disse que iria evitar co­­mentar a alta votação de ontem, "pois o resultado falava por si só".