A guerra do Mali entrou na terceira semana com os franceses encurralando combatentes ligados à Al Qaeda em Gao (1.200 km de Bamaco), um dos principias bastiões dos rebeldes que ocupam o norte do país.
Do ponto de vista militar, começa a fase crítica do combate, porque a luta por terra deverá se intensificar.
Desde 11 de janeiro, os franceses retomaram duas cidades do centro do país --Konna e Diabali-- seguindo a mesma fórmula: primeiro, ataques aéreos contra alvos da Al Qaeda antes de ocupar as zonas urbanas com blindados e forças especiais para, depois, entregar as áreas para o Exército malinês.
A Al Qaeda do Magreb Islâmico e Ansar Dine, os principais grupos de radicais islâmicos, são capazes de se deslocar rapidamente em caminhonetes quatro por quatro e tiveram mais de sete meses para esconder suprimentos e armas pelo deserto.
Muitos dos rebeldes são veteranos da guerra civil da Argélia nos anos 1990 e dos combates na Líbia que antecederam à queda do ditador Muammar Gaddafi, segundo o Exército francês.
Na semana passada, o ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, admitiu que os radicais islâmicos são bem treinados e têm grande conhecimento do terreno. Segundo ele, os rebeldes costumam se misturar à população civil para se proteger de ataques aéreos.
No campo político, as autoridades do Mali começaram a adotar um discurso otimista, prevendo uma vitória completa sobre os grupos que ocuparam o norte do país expulsando, praticamente sem resistência, o Exército local. Embora tenha apoio logístico e material de uma dúzia de nações, a França é o único país europeu a ter enviado soldados para lutar no solo. O isolamento só não é maior porque Paris conseguiu convencer países vizinhos ao Mali a reforçar o efetivo.
Este isolamento é o foco das críticas que o presidente socialista François Hollande passou a receber da sua oposição de direita.
Quanto mais a guerra durar, mais tende a se agravar a situação humanitária no norte de Mali, um dos países mais pobres do mundo.
Até agora, segundo o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), 380 mil pessoas já abandonaram suas casas desde o controle dos radicais islâmicos. O número, segundo a agência, poderá chegar a 700 mil nos próximos meses.
No norte desértico, onde vivem cerca de 1,8 milhão de habitantes, a ofensiva militar interrompeu a chegada de alimentos e medicamentos por causa da linha de cerco imposto pelos franceses.
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