Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Escudo antimísseis

França reforça proposta militar da Rússia

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse nesta sexta-feira (8) que é preciso intensificar os contatos militares com a Rússia, porque é necessário "fazer o possível" para evitar um retorno à Guerra Fria.

Sarkozy considerou muito positiva a resposta do presidente americano, George W. Bush, à proposta de seu colega russo, Vladimir Putin, de criar um escudo antimísseis conjunto.

"É preciso aprofundar a análise técnica da proposta", disse Sarkozy após se reunir com Bush no quarto do presidente americano, que sofreu com problemas estomacais, no resort de luxo na Alemanha.

Na quinta-feira, Putin propôs ao governante americano criar um escudo antimísseis conjunto que proteja os dois países e a Europa, e ofereceu como primeira alternativa uma estação de radares no Azerbaijão para fazer parte do sistema de defesa.

Bush considerou a idéia "interessante". Diplomatas russos e americanos já trabalham em contatos políticos e militares de alto nível para estudar a possibilidade de pôr a idéia em prática.

Por outro lado, Sarkozy anunciou nesta sexta que aceitou um convite da Casa Branca para uma visita oficial a Washington no fim de setembro, aproveitando sua estadia em Nova York para a Assembléia Geral da ONU.

Esta foi a primeira reunião entre Bush e Sarkozy depois que este assumiu a Presidência francesa em 16 de maio, e no encontro de aproximadamente uma hora trataram ainda do escudo antimísseis americano, de questões relativas a Irã, Líbano, Afeganistão e do conflito de Darfur.

Após as divergências entre Bush e o ex-presidente francês Jacques Chirac sobre a oposição de Paris à Guerra do Iraque, a reunião desta sexta mostrou o desejo do governante americano e de Sarkozy em melhorar suas relações.

"Bush sentiu que estabeleceram um vínculo pessoal real", disse Dan Bartlett, assessor político do presidente americano, antes de anunciar que o governante sofria de um mal-estar no estômago.

Já Sarkozy falou sozinho aos jornalistas e evitou fornecer mais detalhes sobre o estado do colega americano: "Ele está no quarto. Acho que seu porta-voz dará notícias".

Azerbaijão

O Azerbaijão se mostrou disposto a discutir a proposta russa para a utilização conjunta por Rússia e Estados Unidos da estação de radar situada em Gabalá, a 250 quilômetros da capital, Baku.

"Atualmente, a nossa posição, apoiada pela Rússia e pelos EUA, é de que devemos abrir negociações a dois ou a três", declarou à imprensa Elmar Mamediarov, ministro de Relações Exteriores do Azerbaijão.

Ele acrescentou que seu país "está disposto" a conversar, desde que levando em conta os seus "interesses nacionais". O diplomata não acredita que a oferta feita por Putin aos Estados Unidos deva criar "inquietação" no vizinho Irã.

O Irã afirmou hoje que a proposta não causa preocupação. "Nós não estamos preocupados, já que esse é um problema do Azerbaijão", disse Medzid Feizullaji, porta-voz da embaixada iraniana em Baku, segundo informou a agência russa "Interfax".

O escudo na Europa

A idéia dos Estados Unidos é instalar um radar na República Tcheca e dez mísseis interceptadores na Polônia, dois países que fizeram parte do bloco soviético durante a Guerra Fria.

O radar consegue rastrear mísseis. Após detectar, o aviso é enviado ao centro de comando que manda justamente um míssil interceptador para evitar a explosão em terra.

Já a Rússia afirma que o radar de Gabalá, no Azerbaijão, permite detectar e calcular a trajetória e os alvos de mísseis a uma distância de até 6.000 quilômetros. Com isso, poderia perceber ataques procedentes do Irã e do Iraque, e também mísseis balísticos e de cruzeiro lançados de bombardeiros, navios e submarinos.

"Se qualquer país, inclusive o Irã, testar um míssil de longo alcance, a inteligência americana e a russa detectará o movimento em seguida", afirmou Putin.

O sistema, acrescentou, "protegeria não só uma parte do continente, mas toda a Europa, sem exceções".

O radar gigante foi construído nas montanhas do norte do país em 1984. Ele é capaz de detectar os lançamentos de mísseis balísticos de eventuais inimigos, com um alcance que chega à Austrália.

O radar de Gabalá, da classe Darial, cobre o norte da África, Turquia, Iraque, Irã, Arábia Saudita, Índia, Paquistão e o Oceano Índico até a Austrália. Em 1991, ele permitiu que a Rússia observasse em tempo real a Guerra do Golfo.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros