A França é contra a ideia de enviar tropas à Líbia para orientar os bombardeios aéreos do Ocidente contra as forças do dirigente Muamar Kadafi, disse na terça-feira o chanceler francês, Alain Juppé.
Um mês depois de a França realizar o primeiro bombardeio autorizado pela ONU, Juppé admitiu que a situação é 'difícil' e 'confusa', e acrescentou que o Ocidente subestimou a capacidade de Kadafi para adaptar suas táticas à campanha militar promovida pela Otan.
Depois dos bombardeios contra seus tanques e armamentos pesados, as forças do regime começaram a usar veículos leves, como picapes.
'Continuo absolutamente contrário à mobilização de tropas no terreno', disse Juppé a jornalistas, acrescentando que isso não está previsto na resolução do Conselho de Segurança da ONU que autorizou a intervenção na Líbia. 'É provável (...) que não haja uma solução militar', afirmou, referindo-se ao impasse no terreno.
O parlamentar governista Axel Poniatowski, presidente da comissão de assuntos estrangeiros da Assembleia Nacional francesa, disse nesta semana que só uma intervenção com tropas terrestres poderia liquidar Kadafi, cujas forças vêm se abrigando em áreas civis.
Na terça-feira, a Grã-Bretanha disse que enviaria cerca de uma dúzia de oficiais militares para ajudar os rebeldes líbios, que atuam de forma desorganizada e sem liderança.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, deve se reunir na quarta-feira em Paris com o dirigente rebelde líbio Mustafa Abdel Jalil, para discutir possíveis soluções políticas para o impasse.
Mas Juppé disse que tal solução exigiria um cessar-fogo 'real', e que os rebeldes deveriam se sentar para negociar com líderes tribais e com membros desertores do regime. Ele acrescentou que a pressão militar deveria ser mantida e até intensificada para estimular mais deserções.
Abdel Jalil deve pedir a Sarkozy que a Otan amplie seus bombardeios, e pode apresentar uma lista de funcionários do regime com os quais a oposição estaria disposta a trabalhar se Kadafi deixar o poder, segundo uma fonte próxima à oposição líbia.
Sarkozy foi o primeiro líder estrangeiro a reconhecer o Conselho Nacional de Transição dos rebeldes como governo legítimo da Líbia. O encontro de quarta-feira será o primeiro dele com Abdel Jalil, que foi ministro da Justiça de Kadafi.