Milhares de refugiados estão chegando ao sul da Tunísia todos os dias, fugindo dos combates que ocorrem na região montanhosa do oeste da Líbia, informou nesta terça-feira (19) o Alto Comissariado para Refugiados da Organização das Nações Unidas (Acnur).
Também nesta terça-feira, o maior barco com refugiados do norte da África chegou à Itália, desde o início da crise humanitária na região em janeiro. O barco tem 760 refugiados africanos e, vindo da Líbia, chegou à ilha italiana de Lampedusa, no Estreito da Sicília, informou a agência Ansa.
O Acnur informou hoje em sua página na internet que o conflito civil líbio expulsou milhares de berberes para a região de Dehiba, no sul da Tunísia. No total, disse o comissariado, o conflito na Líbia, que começou em meados de fevereiro, já tornou 500 mil pessoas refugiadas, em um primeiro momento estrangeiros de outros países africanos que viviam e trabalhavam no país, mas agora também líbios.
O Acnur disse que 10 mil berberes líbios (não árabes) chegaram ao sul da Tunísia nos últimos dez dias. Firas Kayal, um funcionário do órgão, disse que 2 mil refugiados chegam por dia e ainda não está claro quantos mais chegarão nos próximos dias, tentando fugir do avanço das tropas do governante líbio Muamar Kadafi nas montanhas entre a Líbia e a Tunísia.
Enquanto isso, aumentou o fluxo de refugiados que escapam da Líbia e tentam chegar à Europa. Um barco vindo da Líbia com 760 refugiados nigerianos, paquistaneses e do Mali chegou a Lampedusa. A Cruz Vermelha Italiana disse que foi a maior chegada isolada de imigrantes clandestinos do norte da África.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, disse que o enorme número de refugiados indica que Kadafi começou a cumprir sua ameaça de enviar africanos para a Europa. Segundo ele, Kadafi "começou a organizar o tráfico humano" a partir do porto líbio de Zwara, reportou a agência italiana LaPress.
A Itália já vive uma crise diplomática com a França e em menor intensidade com a Alemanha, países europeus que criticam o governo de Roma por ter dado permissão de residência a 26 mil tunisianos que chegaram a Lampedusa e à Sicília entre janeiro e o final de março. A França se recusa a permitir que os tunisianos entrem em seu território. As informações são da Associated Press.
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