Perfil: Nicolas Sarkozy
Nicolas Sarkozy foi eleito em 2007 com a proposta de transformar uma França adormecida, mas durante seu mandato, que espera renovar, foi construída uma imagem de um presidente desorganizado e impulsivo, tornando-se o governante mais impopular da V República.
Há meses as pesquisas apontam sistematicamente Sarkozy como derrotado no segundo turno da eleição presidencial do dia 6 de maio, mas o presidente, apesar de reconhecer alguns erros, continua acreditando na vitória.
François Hollande pode ser definido como a antítese de Nicolas Sarkozy. Para além das divergências políticas, tudo no atual presidente se opõe ao candidato socialista à Presidência francesa, homem amável e consensual, mas perseverante, cujos críticos o acusam de suavidade e inexperiência.
Há dois anos Hollande viaja pelo país, trabalhando sua imagem. O homem afável quer se mostrar forte e "tenaz", sua principal qualidade, de acordo com seu amigo, o ex-ministro Michel Sapin.
François Hollande afirma que será a "pessoa que pode mudar o país", uma velha democracia considerada "maltratada" pelo exercício brutal do poder do presidente, que é descrito por ele como "hiperpresidente".
Hollande, que é apontado em todas as pesquisas de opinião como o vencedor do segundo turno com uma vantagem esmagadora, quer ser um "presidente normal". Para ele, a Presidência tem uma dimensão simbólica, símbolo de vontade e moral.
No plano moral, quer "que a ação do Estado volte a ser exemplar" e critica a "tendência personalista" e de "exposição permanente" do atual presidente.
Em seus últimos discursos e entrevistas optou por uma embalagem e um tom cada vez mais presidencial, já com uma postura de estadista, apesar de tentar evitar o triunfalismo de antecedência e afirmar que "imaginar uma eleição já ganha seria um fracasso político, e até mesmo moral".
No entanto, reiterou no domingo que "está pronto" para governar o país.
"Assumo que estou pronto para presidir a França. Os membros de minha equipe também estão, os primeiros textos já foram finalizados. Não se trata de uma antecipação, mas de um dever", disse, e acrescentou que o que está em jogo nesta eleição "não é simplesmente punir o atual presidente, mas endireitar o nosso país, em um momento particularmente difícil".
"Ele mudou e forjou seu destino", afirma o ex-primeiro-ministro Lionel Jospin, a quem Hollande sucedeu na liderança do Partido Socialista em 1997 (por 11 anos) e que o "associou intimamente a todas as suas decisões" durante seu governo.
Uma maneira de dizer que a falta de experiência governamental do candidato socialista não é um problema. Obama "também não tinha governado" antes de se tornar presidente, lembrando que Hollande foi prefeito, deputado e presidente do Departamento de Corrèze.
Hollande, que é apreciado por seu bom humor, foi considerado em seu próprio meio como "indeciso", "incapaz de resolver", a tal ponto que alguns de seus colegas o apelidaram de "flanby" (pudim).
Mas ao contrário disso, seus velhos amigos percebem em sua vontade de consenso uma "capacidade de unir", uma mistura de prudência e ousadia.
O que esconde esse olhar suave? Sua companheira, a jornalista Valérie Trierwieler afirma que "o que você vê nele é verdade. Não há um Hollande oculto". "Inapreensível", resume seu filho Thomas, que acredita que essa é a marca de um "homem livre", "verdadeiro otimista" e "estrategista" que quer compreender os outros, mas também vê-los chegar.
O ex-presidente Jacques Chirac, que pertence ao mesmo partido de Sarkozy, no entanto, nutre carinho pelo opositor que insistiu e finalmente conquistou seu reduto de Corrèze. Chirac chegou a dizer que "votará em Hollande", antes de mencionar que sua frase foi um "humor correziano".
Aos 57 anos, nascido em uma família burguesa da província de Rouen (noroeste), estudou na ENA, uma prestigiada escola de ensino superior e berçário da elite política francesa. Lá conheceu a que foi sua companheira por 25 anos e mãe de seus quatro filhos, Ségolène Royal.
Em 2007 foi ela a candidata socialista à presidência.
Até o ano passado, todos pensavam que em 2012 seria a vez do ex-presidente do FMI, Dominique Strauss-Kahn. Mas a sua detenção em Nova York, em maio do ano passado, sob a acusação de agressão sexual o excluiu definitivamente do mapa político francês, o que deixou o caminho aberto para Hollande.
Social-democrata assumido, europeu convicto, Hollande promete uma reforma tributária e justiça social.
"Não se impressione por nada", diz aos seus partidários, para os quais o candidato não é nenhum sonho, mas é o único capaz de encarnar uma alternativa contra Nicolas Sarkozy.
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