A possibilidade de uma derrota ante o direitista Sebastián Piñera no segundo turno das eleições presidenciais chilenas, que acontece no domingo, acentuou a mudança de imagem do candidato do governo, Eduardo Frei, e o levou a proclamar-se o defensor do "progresso".

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Seu aspecto formal e sério já havia mudado durante a campanha eleitoral, cujo primeiro turno aconteceu em 13 de dezembro. Sem o habitual paletó e gravata, ele fez uma campanha em mangas de camisa e brincou com frequência com seus interlocutores.

Com uma desconhecida eloquência, no último debate presidencial Frei demonstrou uma expressividade incontida e teve de ser interrompido ou freado pelos jornalistas.

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"Me criticavam porque eu falava pouco", disse ele, justificando-se. Frei também brincou com as críticas que lhe eram feitas por ser "aborrecido". E disse, quase desafiante, que aprendeu a dançar cueca, a dança nacional, para celebrar em setembro o bicentenário da independência nacional.

Frei, de 67 anos, governou o Chile entre 1994 e 2000. Ele foi o segundo mandatário da coalizão que tem governado o Chile deste o restabelecimento da democracia em 1990.

Durante seu mandato ele realizou importantes reformas na Justiça e na educação. Também impulsionou a renovação da infraestrutura do país, que fora deixada de lado durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), além de ter empreendido uma política externa destinada a firmar acordos de livre comércio com diversos países.

Em 1995, coube ao seu governo fazer com que o chefe da temida polícia secreta de Pinochet, o ex-general Manuel Contreras, acatasse a prisão por sua responsabilidade no homicídio, em Washington, do chanceler esquerdista Orlando Letelier.

Outra situação difícil foi conviver com Pinochet, que se manteve até 1998 como chefe do Exército e depois fazer esforços para que a Justiça inglesa devolvesse o ex-ditador. A medida teve custos políticos para Frei e seus aliados.

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Agora, Frei é partidário da abolição da polêmica lei de anistia que os ex-ditador apresentou em 1978 para apagar suas violações aos direitos humanos cometidas nos primeiros cinco anos de seu regime.

Democrata cristão, filho do também ex-presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970), o candidato do governo defende uma maior participação do Estado na economia e rechaça contundentemente a privatização da empresa produtora de cobre Codelco, responsável por grandes recursos obtidos pelo país.

Frei conquistou o apoio da principal central trabalhista de seu país por sua decisão de lutar por reformas, um anseio dos sindicalistas e setores de esquerda. E na questão educacional é favorável a uma reforma que favoreça o ensino público

Além de representante do progresso, Frei se declara herdeiro da popular presidente Michelle Bachelet, de quem criticou o governo no início. Bachelet não escondeu e declarou também sua adesão a Frei, embora não tenha consegui transferir sua grande popularidade ao candidato. Pesquisas de opinião indicam que a presidente tem índice de popularidade de 81%.

Engenheiro de profissão, Frei é pai de quatro filhas. Seu ingresso na política foi tardio, no final da década de 80, quando começou a participar da aliança de centro-esquerda que buscava pôr fim à ditadura.

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Em dezembro de 1996, ele foi eleito presidente, com maioria absoluta, no primeiro turno das eleições, favorecido pelo nome que herdou do pai, um dos líderes da outrora poderosa Democracia Cristã.