Milhares de pessoas em luto participaram nesta quinta-feira (4) dos funerais de três palestinos, incluindo dois adolescentes mortos a tiros pelo exército israelense em um dos piores casos de violência na Cisjordânia ocupada em anos.
O aumento da agitação foi desencadeado na terça-feira (2) pela morte de Maysara Abu Hamdeya, um prisioneiro de 64 anos que cumpria prisão perpétua em uma penitenciária israelense e que sofria de câncer.
Autoridades palestinas acusaram Israel de atrasar o tratamento para Hamdeya e deram-lhe honras militares em um funeral nesta quinta-feira em Hebron, onde homens armados e mascarados atiraram para o ar quando seu corpo chegou em uma mesquita na cidade dividida da Cisjordânia.
Na onda de distúrbios que se seguiram a sua morte, quatro jovens palestinos atiraram bombas incendiárias em um posto de controle israelense perto de Tulkarm, no norte da Cisjordânia, na quarta-feira, disse o Exército.
Soldados responderam ao fogo e mataram dois adolescentes da cidade vizinha de Anabta --Amer Nassar, 17, e Naji Belbisi, 18.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que o uso por Israel de força letal mostrou que o país queria "provocar o caos" nos territórios palestinos e evitar qualquer movimento em direção a um acordo de paz.
A onda de violência começou duas semanas após o presidente dos EUA, Barack Obama, fazer sua primeira visita oficial à região, pedindo a israelenses e palestinos para retomar as negociações de paz congeladas há muito tempo, mas não oferecendo nenhuma iniciativa para quebrar o impasse.
O Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, tem viagem programada a Jerusalém na próxima semana para analisar o impasse.
NOVE MORTOS
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários disse que as forças israelenses mataram nove palestinos, a maioria deles em confrontos na Cisjordânia, até agora este ano, contra três no mesmo período em 2012.
Os corpos de Nassar e Belbisi, os rostos manchados de sangue claramente visíveis, foram carregados em macas pelas ruas lotadas de Anabta, erguidos por membros uniformizados das forças de segurança palestinas.
"Oh mártires descansem, descansem. Vamos continuar a luta", cantava a multidão quando os corpos dos adolescentes passavam.
As autoridades israelenses pediram aos líderes palestinos para pressionar por calma, e rejeitaram sugestões de que um terceiro levante, ou Intifada, estava acontecendo na Cisjordânia --território que Israel capturou na guerra do Oriente Médio de 1967 e que agora é o lar de mais de 340 mil colonos judeus.
"O termo 'Terceira Intifada' serve para descrever um colapso geral e revolta... Não há poderes lá pressionando para uma terceira Intifada ou levante geral", disse a autoridade sênior de defesa Amos Gilad, à Rádio Israel.
Ressaltando o potencial de mais violência, o exército israelense disse que pelo terceiro dia consecutivo, um foguete disparado da Faixa de Gaza atingiu o sul de Israel nesta quinta-feira. Não há relatos de vítimas ou danos.
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