Relato
"Separamos uma muda de roupa para o caso de evacuação do hotel"
Paola Orlowski, publicitária e designer, moradora de Curitiba.
Estou em férias com a minha família, passamos dez dias em Orlando e viemos para Nova York na sexta-feira à noite. No voo ouvimos falar pela primeira sobre o Sandy, pois estávamos totalmente "off" na Disney, sem ver tevê ou ler jornal.
Só no domingo tivemos noção real do que estava acontecendo. Conseguimos passear, mas as ruas já estavam bem vazias, e descobrimos que o metrô fecharia às 19 h. Por volta das 16 h quase todas as lojas, cafés e lanchonetes estavam fechando.
Mais tarde recebemos um aviso do hotel explicando a situação e expondo as medidas de precaução a serem tomadas. O que assustou foi a possibilidade de evacuação e de quebra das vidraças. Retiramos todas as coisas de perto da janela e deixamos uma muda de roupa separada para uma possível evacuação do prédio.
Hoje (ontem) não saímos do hotel, tomamos café da manha e trouxemos algumas coisas para o quarto, nosso único suprimento agora.
A tevê tem passado exaustivamente notícias sobre o furacão. O clima está tenso, as ruas estão totalmente vazias e neste momento chove e venta muito.
Relato
"Resolvi deixar o apartamento. Foi correria total"
Simone Delgado, jornalista curitibana que trabalha em Nova York.
O dia amanheceu silencioso nessa segunda-feira em Nova York. Devido ao fechamento do sistema de transporte coletivo na cidade, as ruas ficaram desertas. Moro no meio de Times Square, umas das vizinhanças mais movimentadas e caóticas da cidade. Hoje, no entanto, silêncio total. Turistas, comerciantes e moradores estavam em casa ou em algum lugar seguro.
Meu plano inicial seria ficar no meu apartamento em Times Square, quando descobri que antenas enormes de telefones celulares instaladas no telhado do prédio onde moro com o meu marido poderiam cair e arrebentar o teto do apartamento devido à força dos ventos. Resolvi deixar o apartamento. Foi correria total. Não sabia se deveria caminhar 40 quadras até o West Village ou pegar um taxi, o que parecia missão impossível. Tive sorte!! Peguei um taxi e seguimos para o apartamento de uma amiga no West Village, onde ficarei por 2 dias.
No caminho, cenas de um filme surrealista. Cidade fantasma. Estava chovendo e ventando muito. Comércio todo fechado. As pessoas garantiram as compras no dia anterior. Vi algumas pessoas correndo, outras tirando fotos, outras caminhando rapidamente com malas rumo à lugar mais seguro.
Com ventos de 140 km/h, o furacão Sandy chegou ontem no fim da tarde à Costa Leste dos Estados Unidos, paralisando a vida de milhões de americanos.
O primeiro estado a sentir os efeitos foi Nova Jersey, seguido de Nova York.
Escolas, empresas e órgãos públicos fecharam as portas e pediram para os funcionários ficarem em casa. Campi de algumas das maiores universidades americanas, como Harvard e MIT, em Massachusetts, e New York University fecharam suas instalações.
Cerca de 400 mil novaiorquinos tiveram de sair de casa para se alojar em 70 abrigos públicos ou se hospedar com amigos e parentes em áreas com menos risco de inundação.
Cortes de energia deixaram sem luz mais de 800 mil residentes em Long Island e Nova Jersey. Foram registrados vários blecautes na região. O calçadão de Atlantic City foi inundado pela maré alta.
Em algumas áreas de Nova York e Nova Jersey, o mar subiu três metros e várias avenidas e marinas foram alagadas em Delaware e Maryland pela pior tormenta em três décadas, segundo os especialistas.
Em Nova York, a Bolsa de Valores fechou pela primeira vez em 27 anos por culpa das condições climáticas.
Mais de 13 mil voos foram cancelados pela tormenta entre sábado e ontem.
As autoridades decidiram fechar todas as pontes de Nova York ao leste (Brooklyn, Manhattan, Williamsburg, Ed Koch) às 19 h (21 h em Brasília). Túneis foram bloqueados quando os ventos passaram de 90 km/h.
Uma das marginais de Manhattan, a Franklin Delano Roosevelt Expressway, ao leste da ilha, foi toda fechada depois que as águas chegaram às pistas; no oeste, a ciclovia da West Highway também ficou submersa.
As ondas ainda chegaram ao Battery Park, no sul, no Distrito Financeiro.
Prejuízos
Diversos especialistas já calculavam ontem as perdas causadas pelo Sandy só em seguro em cerca de US$ 5 bilhões (R$ 10 bilhões).
Em seu rastro, Sandy já matou cerca de 50 pessoas no Haiti e 11 pessoas em Cuba desde terça-feira.
Uma pessoa morreu no também afetado arquipélago das Bahamas.
Navio de Piratas do Caribe afunda
O navio canadense réplica do HMS Bounty afundou ontem no litoral do estado americano da Carolina do Norte, na rota da passagem do furacão Sandy pelo país. Dois dos 16 tripulantes estavam desaparecidos ontem à noite. Os demais foram resgatados da água com vida e encaminhados a hospitais das proximidades com ferimentos leves.
Helicópteros da Guarda Costeira continuam a sobrevoar a região em busca dos desaparecidos, apesar do mau tempo. Uma embarcação também foi enviada para ajudar a encontrar os tripulantes do navio.
Essa réplica do HMS Bounty foi usada em todos os filmes da série Piratas do Caribe e foi construída em 1962, para o filme Mutiny on the Bounty ("O Grande Motim"), de 1962, no qual o ator Marlon Brando interpreta o líder do motim, Fletcher Christian.
A embarcação foi colocada à venda este ano por US$ 4,6 milhões. O navio Bounty original, uma embarcação britânica, ficou famosa por um motim em 1789, no Taiti.
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