Antes taxativo, o governo brasileiro já admite que pode mudar de posição sobre a escolha de Porfírio "Pepe" Lobo para a presidência de Honduras. Nesta segunda-feira, em Portugal, onde participa da Cúpula Ibero-Americana, o assessor do Planalto para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse sobre Honduras que "se o Brasil considerar que tem de mudar de posição, o Brasil mudará de posição".

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Ele também confirmou - mesmo se esforçando para negar - a mudança de estratégia do Brasil. Primeiro, reafirmou que o governo não aceita o resultado das urnas hondurenhas. "Nós não reconhecemos as eleições", disse. "Houve um golpe de Estado e as eleições foram utilizadas, em grande medida, para legitimá-lo."

A seguir, entretanto, disse que o Brasil está disposto a ouvir o presidente eleito, com a condição de que Lobo se manifeste na Organização dos Estados Americanos (OEA) e explique seus "planos para o futuro".

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"Será muito importante a posição que o senhor Porfírio terá em relação à OEA", afirmou Garcia. "Queremos saber se ele vai se dirigir ao secretário-geral e se ele vai considerar a OEA como um interlocutor legítimo. Esse conjunto de sinais, de gestos, é que vai nos permitir avaliar a decisão e dizer quais serão os próximos passos."

Garcia também citou como "fatos relevantes" que precisam ser esclarecidos o grau de comparecimento às urnas e a legitimidade do processo eleitoral. "Precisamos examinar a evolução da situação hondurenha. Estamos saindo de uma situação muito recente."

Por fim, ele negou que haja incoerência ou divergências sobre a posição do país. "Não mudou nada. Essa é a posição do presidente Lula. E não há nenhuma divergência interna no governo."

Depois da palavra oficial do Brasil, os sinais de distensão entre os países latino-americanos continuaram com Patricia Rodas, ministra hondurenha das Relações Exteriores do governo deposto de Manuel Zelaya.

"O processo eleitoral é espúrio, ilegal e inaceitável. Mas, os atores políticos, como os atores dos movimentos sociais e populares do país, são reais e devem fazer parte de qualquer ação de diálogo entre todos os setores", disse.

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