Ao mesmo tempo que a União Europeia ameaçou novamente a interrupção de contratos de abastecimento de gás natural da Rússia, executivos da Gazprom foram a Bruxelas para tentar avançar com o projeto de um grande gasoduto.

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A gigante estatal de energia russa quer construir um gasoduto que custaria 16 bilhões de euros para transportar gás natural da Rússia para a Itália por meio do Mar Negro. A rota evita a Ucrânia, onde passa cerca da metade da commodity russa para a Europa.

Mas, na esteira da anexação da Crimeia pela Rússia, o gasoduto, chamado de South Stream, tornou-se mais um ponto de conflito entre o Ocidente e o Oriente. E diversas empresas europeias, parceiras da Gazprom no projeto, estão andando em uma linha tênue entre os dois lados.

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As negociações realizadas nesta terça-feira (8) pelo comissário de Energia da UE, Günther Oettinger, tiveram foco nas preocupações crescentes em Bruxelas sobre uma potencial interrupção do fornecimento de gás natural para a própria Ucrânia. O temor ucraniano foi exposto pelo ministro da Energia da Ucrânia, Yuri Prodan, e representantes da indústria do país.

Enquanto isso, o destino do South Stream está no limbo. Oettinger congelou as negociações políticas entre a UE e Rússia relacionados com a aprovação do gasoduto no final do mês passado. A conversa entre a Gazprom e funcionários do bloco da moeda comum nesta terça envolveu apenas questões técnicas. Importantes parceiros, como a Eni, a Wintershall Holding e a Electricité faltaram à reunião.

O executivo-chefe da Eni, Paolo Scaroni,, que detém uma participação de 20% no projeto, disse a uma comissão parlamentar italiana no mês passado que o futuro do South Stream era "um pouco nebuloso".

A Wintershall, subsidiária de gás e petróleo da alemã Basf, criticou a decisão de Oettinger de congelar as negociações formais. "De todo modo, os procedimentos para a aprovação devem ser acelerados, não atrasados", disse o executivo-chefe da Wintershall, Rainer Seele, no mês passado.

Eni e Wintershall não quiseram comentar a reunião desta terça (8). Representantes da Electricité não responderam aos pedidos de entrevistas.

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Apesar da incerteza, a Gazprom, que detém uma participação de 50% no projeto, avança no projeto. O grupo está assentando tubos na Rússia, Bulgária e Sérvia. O gasoduto deve iniciar suas operações em 2015.

"Nós não podemos evitar totalmente os riscos e deixar de construir o South Stream. É por isso que estamos nos movendo com tanta confiança para início do projeto em 2015", disse o diretor-geral da Gazprom, Alexander Medvedev, a investidores no mês passado. Representantes da Gazprom se recusaram a dar entrevistas para esta reportagem.

O projeto vai cimentar a posição da Rússia como fornecedor dominante de gás natural da Europa. O país já atende por cerca de 30% das necessidades anuais da continente.