No Parlamento ucraniano, briga e confusão
Agência O Globo
Em mais uma demonstração da divisão dentro do governo ucraniano, deputados do partido nacionalista Svoboda e legisladores comunistas trocaram agressões físicas e verbais no plenário da Rada Suprema (Parlamento) nesta terça-feira.
A briga começou quando dois deputados nacionalistas partiram para cima do líder do Partido Comunista, Pyotr Simonenko, quando ele defendia a federalização do país e a concessão do status de língua oficial ao idioma russo. Após um breve recesso, a Rada retomou sua sessão para analisar um projeto de lei que endurece a responsabilidade penal por separatismo e outros crimes contra o Estado.
Os nacionalistas expulsaram Simonenko da tribuna aos empurrões, e os outros deputados do grupo parlamentar comunista saíram em defesa de seu colega. O caos foi generalizado e os comunistas, em sua maioria idosos, foram os que mais apanharam. Eles abandonaram a sala em protesto pela agressão contra seu líder.
A primeira sessão do novo Parlamento, eleito no fim de outubro de 2012, foi marcada por brigas, bate-bocas e ativistas seminuas. Legisladores da oposição acusam o governo de corrupção nas últimas eleições gerais e programaram manifestações para a inauguração da Casa nesta quarta-feira.
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A Rússia pediu nesta terça-feira (8) que a Ucrânia desista de todo tipo de "preparativos militares" para deter os protestos pró-russos nas regiões do leste ucraniano, já que os mesmos poderiam suscitar uma guerra civil.
O Ministério das Relações Exteriores russo afirmou que conta com informações sobre o envio de unidades das tropas do Ministério do Interior e da Guarda Nacional da Ucrânia, da qual fazem parte "guerrilheiros do partido armado ilegal Pravy Sektor (setor de direita)", às regiões do leste da Ucrânia.
"Eles têm como missão sufocar os protestos dos moradores do sudeste do país (Ucrânia) contra a política das atuais autoridades de Kiev", diz uma declaração da Chancelaria russa divulgada em seu site.
O Ministério das Relações Exteriores russo ressaltou que "causa especial preocupação o fato de que participam desta operação cerca de 150 especialistas americanos da organização militar privada 'Greystone', que utilizam uniformes da unidade (especial ucraniana) Sokol".
"Os participantes e organizadores desta provocação assumem uma enorme responsabilidade por criar ameaças aos direitos, às liberdades e à vida de cidadãos pacíficos da Ucrânia, além de também ameaçar a estabilidade de Estado ucraniano", acrescenta a declaração.
O texto conclui com um pedido para que seja "interrompido, imediatamente, todo tipo de preparativos militares, que poderiam levar à explosão de uma guerra civil".
EUA e Rússia
Após o retorno das tensões no leste ucraniano, o governo dos Estados Unidos pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, para que deixe de "desestabilizar" a Ucrânia e manifestou a "preocupação com o aumento" dos conflitos no país pela crescente pressão russa. "Estamos prontos para aprovar sanções contra a economia russa a qualquer momento", disso o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Em entrevista à agência Interfax, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o país reitera a disponibilidade para participar de negociações sobre a crise da Ucrânia. Ele também pediu um engajamento do país vizinho para terminar as tensões em seu território.
Lavrov reiterou que espera que o governo ucraniano apresente um novo projeto de Constituição para as negociações com os Estados Unidos e a União Europeia. Por fim, ele comentou os referendos das três cidades ucranianas que pretendem se anexar ao território russo: "Eu prefiro evitar qualquer humor subjetivo nesse momento", afirmou.
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