Bush condena ofensiva da Rússia na Geórgia. Veja o vídeo
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Tropas russas entraram no porto georgiano de Poti, no Mar Negro, anunciou nesta segunda-feira (11) o premiê da Geórgia, Lado Gurguenidze, em uma entrevista pela TV.
"As forças russas entraram em Poti. Não houve vítimas", disse. "Lamentamos ter sido testemunhas desses acontecimentos sem que nossos parceiros ocidentais tenham intervindo no conflito."
O ministério russo da Defesa negou a invasão.
Esse é mais um lance da verdadeira "guerra de versões" que Rússia e Geórgia travam nesta segunda-feira em mais um dia dos confrontos armados iniciados na quinta (7), quando a Geórgia invadiu a sua região separatista da Ossétia do Sul, o que provocou a invasão do país por tropas da vizinha e rival Rússia e desencadeou a reprovação da comunidade internacional.
Mais cedo, o ministério russo da Defesa havia informado que as tropas russas estão deixando a cidade georgiana de Senaki, depois de haver dominado uma importante base militar da Geórgia.
Segundo o ministério russo, a retirada ocorre porque "não há mais risco" de as tropas da Geórgia continuarem a atacar a região separatista da Ossétia do Sul a partir dali.
As forças russas teriam ocupado nesta segunda a cidade georgiana de Gori e também uma importante base militar na cidade de Senaki (ambas fora da região separatista), segundo Alexander Lomaia, secretário do Conselho Nacional de Segurança da Geórgia. Os russos, porém negaram a tomada de Gori.
Em reação, as forças georgianas reforçaram suas posições próximo à capital, Tbilisi, para defendê-las de um eventual ataque russo, segundo Lomaia. Por sua vez, os russos negaram a intenção de atacar a capital.
"As forças russas estão ocupando Gori. As forças armadas georgianas receberam ordens de abandonar Gori e de fortificar posições próximo a Mtsjeta para defender a capital. É uma ofensiva total", disse Lomaia.
O presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, acusou a Rússia de ter cortado as comunicações entre o leste e o oeste do país e de querer "destruir" o país. Endereçando-se aos países ocidentais, ele disse que a Geórgia precisa mais do que "ajuda moral e humanitária" para enfrentar a invasão russa.
O Conselho de Segurança da ONU começou uma reunião a portas fechadas para escrever um esboço de resolução com o objetivo de pedir uma trégua imediata no conflito.
A mais recente crise entre Geórgia e Rússia começou na quinta (7), quando a Geórgia enviou tropas à região rebelde. A Rússia reagiu mandando tropas ao país. Houve confronto pelo controle da capital, Tshkinvali, e a reação da comunidade internacional pedindo o fim do ataque foi imediata. Até agora, o conflito teria deixado pelo menos 2.000 mortos, em sua maioria civis, segundo o governo da Geórgia. O número de refugiados pode atingir 20 mil, de acordo com as Nações Unidas. Para a Cruz Vermelha, o número chegaria a 40 mil.
Mais cedo nesta segunda-feira, tropas da Geórgia voltaram a atacar cidades da região separatista, segundo autoridades ossetianas citadas pela agência russa Interfax.
Os ataques teriam sido dirigidos a várias cidades, e incluindo armamento pesado, segundo Irina Gagloyeva, porta-voz do governo separatista. Jornalistas da Reuters afirmaram ter presenciado seis helicópteros da Georgia atacando próximo à capital da região, Tshkinvali. Por outro lado, as tropas russas ocuparam brevemente um prédio da polícia na cidade de Zugdidi, oeste do país, segundo o Ministério de Relações Exteriores da Geórgia. A ação teria ocorrido depois que os agentes georgiano se negaram a depor armas a pedido do exército russo.
Cessar-fogo
O presidente da Geórgia assinou um documento de cessar-fogo unilateral na presença dos ministros de Exteriores da França, Bernard Kouchner, e Finlândia, Alexander Stubb. A Rússia rejeitou a trégua, com o argumento de que o país continuava atacando a região separatista.
Os ministros de Relações Exteriores do Grupo dos Sete pediram à Rússia que ela aceite imediatamente o cessar-fogo, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
Rússia acusa EUA
O premiê russo, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos de estarem tentando perturbar as operações mililtares russas na Geórgia usando seus aviões para transportar as tropas georgianas do Iraque para as zonas em conflito.
"É uma lástima que alguns de nossos aliados não nos ajudem e tentem, inclusive, nos perturbar, e com isso me refiro principalmente ao deslocamento do contingente militar da Geórgia no Iraque para a zona de conflito (oseta) pelos Estados Unidos e seus aviões de transporte militar", declarou Putin.
O presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, disse nesta segunda que a Rússia fará "todo o possível" para normalizar a situação na Ossétia do Sul.
Em discurso pela TV, ele disse que a Rússia jamais será apenas uma "observadora passiva" da situação do Cáucaso.
Segundo ele, a operação militar na região está "quase terminada". "Parte significativa da operação para forçar as autoridades georgianas a fazer paz com a Ossétia do Sul foi concluída", disse. "Tskhinvali está sob o controle de um contingente de paz russo reforçado."
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciou que faria uma reunião de emergência para discutir a crise.