Uma mulher observa tanque russo passando pela cidade de Dzhava| Foto: Reuters

Bush condena ofensiva da Rússia na Geórgia. Veja o vídeo

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A Geórgia pediu na segunda-feira (11) uma intervenção internacional e recuou suas forças para proteger a capital, enquanto tropas russas ignoravam os apelos ocidentais e continuavam avançando.

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"O Exército georgiano está recuando para defender a capital. O governo busca urgentemente uma intervenção internacional para evitar a queda da Geórgia", disse o governo em nota.

O presidente Mikheil Saakashvili disse que as forças russas assumiram o controle da principal rota leste-oeste, o que na prática significou dividir o país em dois. Ele pediu aos seus cidadãos que fiquem em casa e não entrem em pânico.

Moscou ignorou o apelo de cessar-fogo feito pelo G7, grupo dos maiores países industrializados, e disse que a Geórgia, descumprindo a promessa de trégua, continuava bombardeando a região separatista da Ossétia do Sul, onde o conflito começou, na quinta-feira.

O clima na capital Tbilisi é de intranquilidade. Pela primeira vez em quatro noites, as ruas ficaram vazias, sem manifestações em prol do governo. O Parlamento realizará uma sessão de emergência na terça-feira.

"Estamos trabalhando com a comunidade internacional, mas tudo o que temos até agora são palavras, declarações, apoio moral e ajuda humanitária", disse Saakashvili pela TV.

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"Mas precisamos de mais: queremos que contenham este bárbaro agressor. A situação na Geórgia é extremamente difícil, já que a Rússia está usando todos os seus recursos para ocupar o país", acrescentou, referindo-se à ocupação da rodovia.

Uma testemunha da Reuters viu helicópteros georgianos bombardeando alvos perto de Tskhinvali, a capital da Ossétia do Sul. Um outro jornalista ouviu bombardeios numa estrada ao norte da dilapidada cidade.

MERCADOS ABALADOS

O conflito afeta o mercado do petróleo porque pela Geórgia passa um importante duto que abastece o Ocidente. A situação também alarmou os investidores na Rússia e despertou temores de uma guerra mais ampla nesta região vizinha a Irã, Turquia e Rússia.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, que preside a União Européia neste semestre, embarca na terça-feira para Moscou e talvez Tbilisi para tentar uma mediação, embora os russos não pareçam dispostos a concessões.

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As tropas de Moscou avançaram 40 quilômetros pelo território de uma outra região separatista da Geórgia, chamada Abkházia, e capturaram a cidade georgiana de Senaki. O ministério russo de Defesa disse que suas forças já se retiraram da cidade após "eliminar" a possibilidade de bombardeios contra a Ossétia do Sul.

As autoridades russas dizem não ter a intenção de ocupar nenhum território além das repúblicas separatistas sob sua proteção.

Mas uma autoridade georgiana posteriormente disse que as tropas russas ocuparam a cidade georgiana de Gori, a cerca de 40 quilômetros da Ossétia do Sul.

Correspondentes da Reuters não viram sinais de presença militar russa na cidade, embora tenham visto uma coluna de caminhões militares georgianos deixando Gori na direção de Tbilisi.

O influente parlamentar Nika Rurua afirmou posteriormente que as forças russas estão posicionadas nos arredores de Gori.

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O premiê da Geórgia afirmou que tropas russas haviam entrado no porto de Poti, no mar Negro, mas a Rússia negou a informação.

RUAS VAZIAS

O conflito começou repentinamente na quinta-feira, quando o governo georgiano enviou tropas para retomar o controle da Ossétia do Sul, uma região etnicamente diversa da Geórgia, que na prática já goza de autonomia desde a década de 1990, mas sem reconhecimento internacional.

Moscou reagiu com um contra-ataque das suas forças, muito mais numerosas, e no domingo já havia expulsado as tropas adversárias de Tskhinvali, a devastada capital local. A Rússia diz que 1.600 pessoas morreram nos confrontos e que há milhares de desabrigados - cifras impossíveis de verificar de forma independente.

Saakashvili havia dito anteriormente que aceitara um plano da França para o fim das hostilidades, o envio de uma força de paz internacional e o retorno às posições prévias.

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Na segunda-feira, ainda sob bombardeio georgiano, mulheres e crianças choravam ao ver os estragos provocados pelos bombardeios. Caminhões russos distribuíam água e comida.

Uma idosa contou como se escondeu com um neto de 7 anos num porão durante os bombardeios: "Meu neto gritava: 'Tio Putin, por favor nos ajude, por favor nos ajude para que os georgianos não me matem!' Foi um pesadelo, (mas) graças a Deus os russos chegaram e está melhorando."

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, criticou os EUA por ajudarem as tropas georgianas a deixarem o Iraque às pressas, e afirmou que o Ocidente está confundindo vítimas com agressores - uma referência ao decidido apoio ocidental à Geórgia.

"É claro que (os norte-americanos) tiveram de enforcar (o ex-ditador iraquiano) Saddam Hussein por destruir várias aldeias xiitas. Mas os atuais governantes georgianos, que em uma hora simplesmente varreram dez aldeias ossétias da face da Terra, os governantes georgianos que usaram tanques para atropelar crianças e idosos, que jogaram civis em porões e os queimaram - esses são os atores a serem protegidos", disse Putin.

A Rússia diz ter perdido 4 aviões e 18 soldados desde o início do conflito, havendo ainda 14 militares desaparecidos e 52 feridos.

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Na manhã de segunda-feira, a Bolsa de Moscou entrou em pânico e caiu ao seu menor nível em dois anos. Ela recuperou parte das perdas depois de o presidente Dmitry Medvedev declarar que a guerra já pode estar terminando.