O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse nesta segunda-feira (6) que o governo interino que tomou o poder em Honduras não vai resistir pressão política internacional. "Sem a ajuda econômica do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, sem petróleo e com as relações comerciais suspensas com os Estados Unidos, o regime golpista não vai resistir muito tempo. O resultado disso não se vê em 24 horas, mas também não deve chegar a um mês, apenas alguns dias ou semanas", afirmou o ministro em entrevista coletiva na Embaixada do Brasil em Paris.
Amorim avalia que o caminho natural é a volta do presidente Manuel Zelaya. O chanceler brasileiro afirmou que o golpe ocorrido em Honduras é fora da realidade do mundo atual. "Não existe mais no mundo lugar para um golpe como esse: chegar de manhã com uma metralhadora na cabeça e botar o presidente de pijama para fora do país".
Ele rejeitou a comparação entre os bloqueios impostos ao governo interino hondurenho após o golpe e as sanções a que Cuba vem sendo submetida desde a Revolução Cubana, há 50 anos. "A resolução da OEA [Organização dos Estados Americanos] que previa o embargo a Cuba era totalmente anacrônica, nada tem a ver com a democracia, falava de combate ao marxismo e ao leninismo como ameaças ao continente", analisou.
Amorim lamentou os incidentes violentos que culminaram na morte de duas pessoas no domingo (5) na capital hondurenha, e rejeitou a possibilidade de uma interferência brasileira com uso da força.