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Crise na Bolívia

Governador rebelde diz lutar para que Bolívia não vire Cuba

Fernández rejeitou as acusações de que teria ordenado a morte de pelo menos 25 camponeses, em Cobija | Ivan Alvarado / Reuters
Fernández rejeitou as acusações de que teria ordenado a morte de pelo menos 25 camponeses, em Cobija (Foto: Ivan Alvarado / Reuters)

O governador do Departamento de Pando, acusado por La Paz de ordenar um massacre de camponeses em meio à onda de violência política no país, disse que manterá sua rebelião contra o presidente Evo Morales para evitar que o país se transforme em uma nova Cuba.

Leopoldo Fernández disse à Reuters que sua região, na fronteira com Acre e Rondônia, vai "resistir" ao estado de sítio decretado pelo governo central. Pando, com apenas 60 mil habitantes, registra os mais graves incidentes na atual fase dos conflitos.

O governador, de 56 anos, rejeitou as acusações de que seria o mandante da morte de pelo menos 25 camponeses partidários de Morales, na quinta-feira, nos arredores de Cobija, a capital regional.

"Aqui estou, nunca abandonei Cobija em momento algum. Quero dizer a Morales que já basta de mentiras ao povo, que investiguem realmente o que aconteceu e que não nos joguem a culpa por um massacre", disse o político do partido conservador Podemos.

O governo chegou a anunciar que prenderia Fernández, mas os militares que vigiam o estado de sítio decretado na sexta-feira à noite não o detiveram, apesar de o governador manter suas atividades normais.

Na madrugada de segunda-feira, dez pessoas foram presas em ações militares em Cobija, por suposta ligação com a morte dos camponeses. Armas foram apreendidas.

Segundo relato de sobreviventes à imprensa local, houve uma emboscada contra uma comitiva que participaria de uma assembléia política regional em favor de Morales.

De acordo com o governo nacional, funcionários do Departamento e pistoleiros participaram da ação, e pelo menos um dos agressores teria morrido no confronto.

"O governo de Morales quer instaurar um modelo como há em Cuba e na Venezuela, com um discurso do século passado", afirmou Fernández, aludindo aos estreitos laços que Morales mantém com os governos esquerdistas de Caracas e Havana.

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