O governo da Bolívia pediu nesta quarta-feira (1) aos governadores regionais opositores para retornarem ao processo de diálogo aberto para levar paz ao país e disse "estranhar" e estar "preocupado" com a "ruptura unilateral" das negociações.
"Pedimos aos governadores regionais para voltar à mesa de diálogo", disse o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, pouco depois que os opositores anunciaram a suspensão temporária das negociações.
Os governadores regionais autonomistas justificam a interrupção das negociações com o fato de o governo de Evo Morales ter descumprido as bases do processo com uma "caçada" a cidadãos e líderes de suas regiões.
O estopim da decisão foi a detenção de um cidadão do departamento de Tarija, no sul do país, acusado pelo governo de participar de um dos atentados contra gasodutos e refinarias cometidos durante os protestos opositores de setembro.
Com o processo de diálogo aberto em Cochabamba, tanto o Executivo quanto a oposição regional buscam pacificar a Bolívia após a onda de confrontos que afetou várias regiões e nas quais ao menos 30 pessoas morreram.
O ministro insistiu em que a detenção do cidadão de Tarija "obedece estritamente a uma decisão da Procuradoria Geral".
"Não é possível que os governadores regionais queiram adiar ou suspender o diálogo com a intenção de proteger ou encobrir um crime comum", acrescentou.
Quintana afirmou que "o governo, em nenhum momento, descumpriu compromissos para sustentar o diálogo", mas ressaltou que "são inegociáveis os processos penais que devem ser realizados" para atribuir responsabilidades nos protestos em setembro.
O ministro antecipou que os processos seguirão "contra todos aqueles que atentaram contra os bens públicos, atacaram os escritórios do Estado, destruíram a propriedade e que, em outros casos, mataram ou assassinaram camponeses inocentes".
Desta forma, se referiu ao pior episódio da onda de choques, vivenciada na região de Pando em 11 de setembro, onde o governo decretou o estado de sítio e deteve o então governador regional, Leopoldo Fernández, por violar a medida e por sua suposta responsabilidade no que qualificou de massacre de camponeses.
No entanto, a oposição acusa os governistas de terem iniciado os choques.
Para Quintana, os opositores "não somente deveriam censurar e condenar os atos de terrorismo cometidos em Tarija, mas também se colocar ao lado da lei".
"Não há argumento razoável para aqueles que queiram suspender o diálogo", disse, e anunciou que o governo vai "insistir" para que tenha um final "satisfatório".
Organizações sociais pró-Evo Morales criticaram a suspensão do diálogo. O principal dirigente da Confederação Sindical Única dos Trabalhadores Campesinos da Bolívia, Isaac Ávalos, disse a uma rádio que, diante desta atitude, "é necessário tomar outras medidas mais fortes e radicais para defender a democracia".
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