O governo de facto de Honduras enviou militares para tirar do ar nesta segunda-feira meios de comunicação favoráveis a Manuel Zelaya, aumentando a resistência à pressão internacional para que o presidente deposto retorne ao poder.

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Zelaya, que se abrigou na embaixada brasileira em Honduras há uma semana, expressou temor de um iminente ataque à representação do Brasil.

Enquanto isso, o governo de facto que o substituiu depois do golpe militar de 28 de junho se isolou ainda mais depois de ter suspendido no domingo as garantias constitucionais por causa das novas manifestações a favor de Zelaya.

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Em entrevista a imprensa na embaixada brasileira, onde está desde que voltou secretamente a Honduras em 21 de setembro, Zelaya afirmou que militares poderiam invadir em breve a sede diplomática sitiada por centenas de soldados.

"Temo que nas próximas horas invadam esta sede diplomática", disse Zelaya. "A comunidade internacional deve agir ... peço proteção ao mundo", acrescentou.

Soldados ocuparam antes do amanhecer a rádio Globo e o canal de televisão Cholusat Sur, apoiando-se em um decreto presidencial que permite o silenciamento de meios hostis.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) realizou uma reunião de emergência em Washington para discutir o impasse. Honduras negou no domingo a entrada de uma delegação da OEA que tentaria mediar uma solução negociada à crise.

Na reunião da OEA, o embaixador dos Estados Unidos, Lewis Anselem, criticou o governo de facto e Zelaya pelo agravamento da crise.

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"O regime deveria conduzir a segurança com prudência e cautela. O presidente Zelaya deveria exercitar a liderança ao pedir insistentemente aos seus seguidores, sem mensagens confusas, que expressem suas visões pacificamente", disse.

Ele classificou as ações do governo de facto de "deploráveis e insensatas" mas também pediu que Zelaya "desista de fazer alegações furiosas e de agir como se estivesse em um antigo filme".

Mais pressão

A crise é o primeiro teste sério para o presidente dos EUA, Barack Obama, na América Latina. Obama é a favor da restituição de Zelaya e cortou alguns recursos destinados a Honduras, mas também tem sido criticado por não fazer mais para restaurar a democracia no pais centro-americano.

O Brasil, que foi empurrado para o centro da crise quando Zelaya retornou a Honduras e se abrigou na embaixada do país, pediu que a comunidade internacional aumente a pressão sobre o governo de facto para forçar um acordo.

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"A meu juízo, os americanos estão melhores em termos de política externa em outros países ou região, como Irã e Oriente Médio, por exemplo, do que aqui (na América Latina)", disse à Reuters o assessor para assuntos internacionais do governo brasileiro, Marco Aurélio Garcia.

"Se eles estivessem usando o mesmo procedimento aqui, seguramente seria diferente", acrescentou, argumentando que a "pressão internacional ainda não foi suficientemente forte. Esperamos que esse erro possa ser corrigido."

O governo que tomou o poder em Honduras disse ainda que dentro de 10 dias retirará a imunidade diplomática da embaixada brasileira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Zelaya pode ficar na embaixada o tempo que desejar.

Um decreto presidencial emitido neste fim de semana suspende por 45 dias o direito à liberdade de associação e movimentos, além de autorizar a prisão sem ordem judicual e o silenciamento dos meios de comunicação críticos.

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O presidente de facto, Roberto Micheletti, aprofundou o isolamento internacional neste fim de semana, negando-se a receber os embaixadores de Argentina, México e Venezuela, chamados para consulta após o golpe.

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