Os dois lados envolvidos no impasse político venezuelano realizarão manifestações paralelas nesta terça-feira, depois de as autoridades eleitorais rejeitarem pedidos da oposição para uma recontagem de votos, e de confrontos entre manifestantes e a polícia em Caracas.
O líder oposicionista Henrique Capriles disse que a contagem de sua equipe mostra que ele venceu a eleição presidencial de domingo, e exigiu uma auditoria completa dos resultados oficiais, que deram vitória por estreita margem para o candidato governista Nicolás Maduro, que é o presidente interino do país.
O Conselho Nacional Eleitoral rejeitou a recontagem, e a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha, na segunda-feira, para dispersar partidários da oposição que protestavam em bairros ricos de Caracas.
A eleição foi convocada depois da morte do presidente socialista Hugo Chávez, em março, vítima de câncer. Meses antes de morrer, Chávez apontou Maduro como seu herdeiro político. Abertas as urnas, o candidato chavista teve 50,8 por cento dos votos, contra 49 por cento de Capriles.
Os dois lados convocaram seus partidários para manifestações pacíficas na terça-feira, gerando temores de mais turbulências políticas para o país.
"Convoco o povo para lutar pacificamente, para se mobilizar em todo o país... Já chega de abusos!", disse Maduro a jornalistas na segunda-feira, horas depois de ser oficialmente declarado vencedor. "Estão tentando violar a maioria... convocamos (a oposição) a respeitar a vontade popular."
Além dos confrontos em Caracas, que incluíram protestos em frente à sede do canal estatal VTV e da casa da presidente da comissão eleitoral, foram registrados protestos em várias cidades do interior.
Capriles, governador do Estado de Miranda, espera salientar a fraqueza do mandato de Maduro e alimentar a raiva da oposição com sua acusação de que o conselho eleitoral age de forma tendenciosa em favor do partido governista PSUV.
Mas a estratégia pode ter efeito adverso se as manifestações derem origem a distúrbios prolongados, como aqueles que a oposição comandou entre 2002 e 2004, e que em alguns casos incluíam o bloqueio de vias públicas por vários dias, com lixo e pneus em chamas.
O retorno a uma situação de turbulência prolongada nas ruas pode reavivar as dúvidas sobre as credenciais democráticas da oposição, justamente quando o antichavismo obteve seu melhor resultado numa eleição presidencial, e quando Capriles se consolida como seu líder.
Mas Capriles diz que continuará lutando.
"Não vamos ignorar a vontade do povo. Acreditamos que vencemos... queremos que esse problema seja resolvido pacificamente", disse o candidato a jornalistas. "Não há maioria aqui, há duas metades."
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