O governo sírio e a oposição iniciam nesta segunda-feira (14) negociações indiretas em Genebra para tentar acabar com a guerra civil que arrasa o país, embora as divergências permaneçam enormes.
O conflito
O conflito sírio, que começou em 15 de março de 2011, com protestos pacíficos reprimidos violentamente, tornou-se uma complexa guerra com um grande número de atores locais e internacionais envolvidos.
Desde então, mais de 270 mil pessoas morreram e milhões fugiram de suas casas, provocando, por extensão, uma crise migratória na União Europeia.
Washington e Paris pediram no domingo (13) negociações “reais” e acusaram o regime de tentar “fazer descarrilar o processo”, ao se recusar a discutir o futuro do presidente Bashar al-Assad, que a oposição exige que deixe o poder.
Em Genebra, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, assegurou nesta segunda que a “transição política” será decisiva nas negociações.
“Qual é a questão principal? A mãe de todas as questões é a transição política”, declarou em referência ao principal tema de discórdia entre o governo sírio e a oposição, que exige que o presidente Bashar al-Assad deixe seu cargo antes da instauração de um organismo de transição.
Contexto diferente
Esta nova fase de discussões começa em um ambiente radicalmente diferente do anterior, no final de janeiro, quando a ONU não conseguiu sequer iniciar as negociações.
Uma trégua, patrocinada pelos Estados Unidos e a Rússia, que entrou em vigor em 27 de fevereiro entre o regime e os rebeldes “moderados” na Síria, tem se mantido, apesar de algumas violações. Isto permitiu que a ONU fornecesse ajuda humanitária a cerca de 250.000 pessoas sitiadas em diferentes áreas do país.
Europeus e americanos insistiram no domingo na necessidade de respeitar o cessar-fogo e que a ajuda humanitária seja entregue, para garantir o avanço das negociações.
“Qualquer violação, mesmo esporádica, do cessar das hostilidades põe em perigo o processo”, ressaltou o secretário de Estado americano, John Kerry.
A Rússia, cuja intervenção militar na Síria permitiu ao regime recuperar terreno, insistiu na necessidade de incluir nas negociações de paz os curdos, de modo que não haja nenhuma divisão de fato do território sírio.
Pela primeira vez, as negociações de Genebra vão abordar o futuro da Síria especificamente.
“Esperamos que as negociações comecem amanhã com discussões sobre o órgão de transição, que terá todos os poderes, incluindo o de presidente da República”, afirmou Al-Meslet.
“Neste órgão não haverá nenhum papel para aqueles que cometeram crimes, incluindo Bashar al-Assad”, insistiu o representante da oposição.
No entanto, o regime não pretende discutir o futuro da Assad, reeleito em 2014 durante a guerra por mais sete anos.
O regime também tem uma interpretação muito diferente sobre essa autoridade de transição. Para ele, significa uma simples remodelação ministerial para formar um “governo de unidade”, sob a autoridade de Assad.
Esse novo governo, de acordo com o chanceler sírio Walid Mouallem, nomeará uma comissão para “elaborar uma nova Constituição ou alterar a atual”.
Mas mesmo em caso de acordo entre os rebeldes e o regime em Genebra, os combates vão continuar na Síria, já que os jihadistas da Frente al-Nosra, braço sírio da Al-Qaeda, e do Estado Islâmico controlam mais da metade do território, e estão excluídos da trégua em vigor.
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