O governo do Paraguai conseguiu impedir cerca de 40 sequestros de fazendeiros, políticos e até de jornalistas que supostamente haviam sido planejados pelo grupo guerrilheiro Exército do Povo Paraguaio (EPP), segundo informou nesta segunda-feira o ministro do Interior Rafael Filizzola. De acordo com ele, a lista das 40 futuras vítimas de sequestro foi encontrada em uma caderneta abandonada por combatentes do EPP após uma troca de tiros com policiais, na última quinta-feira, no departamento (Estado) de Concepción, norte do país.

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Junto com a caderneta, os guerrilheiros também deixaram um laptop e, supostamente, uma cópia de um comunicado para opinião pública, que na segunda-feira foi entregue pelo Ministério aos meios de comunicação.

A assessoria de imprensa do ministério confirmou para a AP a existência do documento que diz que para o EPP "as classes abastadas, os burocratas estatais e membros da força pública não são parte do povo".

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Apesar de nos últimos dois anos o grupo guerrilheiro ter cobrado pelo resgate de cada sequestro cerca de US$ 700 mil, o EPP ofereceu 5 milhões de guaranis (US$ 1.200) para quem entregar o presidente Lugo, parlamentares ou os ministros da Suprema Corte de Justiça. "Não temos muito dinheiro, mas sim muita dignidade".

A organização se dirigiu aos soldados do Exército dizendo "aos irmãos soldados dizemos que estão apontando suas armas para o lado contrário. Vocês são filhos do povo e não deveriam defender os interesses dos ricos. Apontem para os ricos, para os politiqueiros burgueses, para os imperialistas, para seus chefes privilegiados que têm boa via enquanto vocês têm a pior". O EPP também advertiu que atacaria as casas "de poderosos magnatas".

Filizzola disse que "assim que tivemos em nosso poder a lista, advertimos às possíveis vítimas para que redobrassem sua segurança particular. Assim, evitamos os sequestros", disse ele em coletiva de imprensa depois de reunir-se com o presidente Fernando Lugo.

Dentre os que deveriam ser capturados estão um juiz da Suprema Corte de Justiça; a deputada opositora Fabiola Oviedo, filha do ex-general Lino César Oviedo; o deputado Salím Buzarquis, fazendeiros da região norte e o jornalista Wladimir Jara, de uma rádio de Assunção especializada em investigações policiais.

Filizzola reiterou que "nossas forças especiais continuam operando em Concepción com o objetivo de capturar os membros do EPP, mas se movem com cautela".

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Dois suboficiais da polícia morreram na última quinta-feira após a troca de tiros contra uma coluna do grupo guerrilheiro. Aparentemente, um insurgente ficou ferido, a julgar pelos rastros de sangue. Desde 2001, quando o grupo realizou seu primeiro sequestro, cinco policiais morreram em enfrentamentos com o EPP.

Filizzola disse que "apenas em dois anos, a polícia sofreu 50 baixas após enfrentamentos com organizações criminais" de todo o tipo. "Infelizmente, esta é uma situação não reconhecida pela sociedade. Os delinquentes são especializados e possuem muito poder de fogo", afirmou.