O governo provisório de Honduras, que assumiu o poder após o golpe de Estado do último domingo (28), disse nesta quinta-feira (2) que admite a possibilidade de antecipar uma eleição anunciada para novembro a fim de dar fim à crise gerada pela expulsão do presidente Manuel Zelaya. Roberto Micheletti, chefe do governo interino, disse que uma outra opção seria fazer um referendo para saber se o presidente deve ou não retornar ao poder. Segundo ele, entretanto, seria difícil fazer isso rapidamente.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, anunciou que vai viajar para Honduras nesta sexta-feira (3) com alguns integrantes de sua equipe. O objetivo é negociar com o governo interino que controla o país desde o golpe.
Zelaya, que foi expulso do país após o golpe, prometeu voltar durante este fim de semana, apesar de uma ordem de prisão emitida contra ele por "traição à pátria" e outros crimes.
Insulza fez o anúncio em Georgetown, capital da Guiana, durante reunião de nações caribenhas sobre a situação em Honduras. A OEA, a exemplo do restante da comunidade internacional, condenou o golpe e exigiu a recondução imediata de Zelaya ao poder.
O deposto Zelaya disse que a visita de Insulza não tem o objetivo de negociar, mas de apresentar um ultimato ao governo provisório.
Se Zelaya não for restituído à presidência, Honduras poderá ser suspensa da OEA. Insulza, no entanto, mostrou-se pessimista nesta quinta com a possibilidade de que os golpistas hondurenhos devolvam o poder até o sábado. O secretário-geral adjunto da OEA, Albert Ramdin, disse à AP que o organismo não abriu negociações com o governo de Micheletti, ao qual não reconhece. "Não vamos negociar", disse Ramdin.
"Queremos ver uma volta do presidente Zelaya ao seu país em circunstâncias seguras e incondicionais", afirmou. Em Tegucigalpa, o vice-presidente do Congresso de Honduras, Ramón Velázquez, disse à AP que a comissão técnica da OEA, que avaliará a situação política de Honduras, chegará à capital hondurenha ainda nesta quinta-feira. O vice-presidente da administração Zelaya, Aristides Mejía, pediu nesta quinta um "acordo político" em declarações à emissora de rádio HRN e propôs inclusive ao governo de Micheletti "apagar tudo com a borracha" e começar de novo, desde que seja aceita a volta de Zelaya ao poder sem "nenhuma condição".
Manifestações
Em Tegucigalpa, milhares de pessoas se manifestaram nesta quinta em apoio a Zelaya e contra a suspensão de algumas garantias individuais durante o toque de recolher, que vigora das 22h às 5h. "Existe mobilização em âmbito nacional. Vamos esperar a 'Mel', vamos estar onde ele chegará", disse Juan Barahona, um dirigente do movimento de apoio a Zelaya na manifestação. "Mel" é o apelido de Zelaya, um diminutivo do seu primeiro nome, Manuel. A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo no começo da manifestação e tentou sem sucesso dispersar o protesto. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
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