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Roberto Micheletti, que está no governo interino de Honduras, diz que não vai negociar | Edgard Garrido/Reuters
Roberto Micheletti, que está no governo interino de Honduras, diz que não vai negociar| Foto: Edgard Garrido/Reuters

O governo interino de Honduras esperava na quinta-feira a chegada de uma comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA) para dialogar sobre a crise política no país após o golpe militar de domingo.

Apoiado por boa parte da população, pelo Congresso, pelo Poder Judiciário, pelas Forças Armadas e por setores empresariais, o governo, encabeçado por Roberto Micheletti ganha respaldo interno a cada dia que passa, enquanto cresce a rejeição externa por parte de outros países e organismos internacionais.

"Estabelecemos um governo democrático no nosso país e não vamos ceder diante de pressões de ninguém. De ninguém. Somos um país soberano", disse Micheletti na quarta-feira (1º), ao tomar o juramento de vários funcionários do governo.

O presidente interino disse que espera a chegada de uma comissão da OEA, que deu prazo até sábado para que o presidente Manuel Zelaya retorne ao poder "imediatamente e incondicionalmente", caso contrário Honduras será expulsa da entidade.

"Virá uma comissão (da OEA) dialogar com nosso governo, possivelmente amanhã (quinta-feira)", disse Micheletti, que garantiu que deixará o poder em janeiro para dar lugar ao vencedor das eleições previstas para novembro.

As autoridades do governo interino insistem que a destituição de Zelaya foi uma "sucessão forçada", mas ajustada ao marco legal hondurenho, embora a expulsão do presidente do país sob a mira de um rifle tenha sido condenada por governos tão diferentes como o norte-americano e o venezuelano.

"Estamos decididos todos a apoiar o governo legítimo de Honduras... até mesmo o governo dos Estados Unidos se pronunciou a favor do retorno de Zelaya", disse na quarta-feira o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

No entanto, alguns embaixadores do governo de Zelaya reconheceram Micheletti, segundo a imprensa local, o que poderá complicar a situação do presidente exilado, que promete retornar ao país, apesar das promessas do governo interino de prendê-lo em sua chegada.

Enquanto isso, uma solução negociada parece distante, depois que várias partes envolvidas rejeitaram a possibilidade de retorno de Zelaya, cuja guinada à esquerda e aliança com Chávez irritou as elites conservadoras do país.

"Absolutamente não existe a menor possibilidade, o presidente Zelaya está fora por ordens do povo", disse à Reuters na quarta-feira o chanceler interino, Enrique Ortez, num desafio às exigências da ONU e da OEA.

As manifestações pacíficas favoráveis e contrárias a Zelaya seguiam acontecendo no país de 7 milhões de habitantes, cuja já combalida economia pode sofrer ainda mais pela decisão do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de congelar o crédito ao país.

Diante da ausência de propostas para superar o conflito político, a comissão hondurenha para os direitos humanos propôs a realização de uma consulta sobre a restituição de Zelaya como uma saída para a pior crise na América Central desde a invasão do Panamá pelos Estados Unidos em 1989.

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