As manifestações desta quarta-feira (12) foram ignoradas pela imprensa estatal| Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

A Justiça da Venezuela pediu a prisão preventiva de três líderes opositores acusados de incentivar a violência durante manifestações contra o presidente Nicolás Maduro que deixaram três mortos quarta-feira (12).

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Para o mandatário, "pequenos grupos fascistas" foram responsáveis pelos atos violentos. Ele ainda acusou a oposição de tentar um golpe de Estado, como o promovido em 2002 contra o ex-presidente Hugo Chávez, morto no ano passado.

Um dos principais líderes opositores está entre os indiciados: o ex-prefeito de Chacao (município da região metropolitana de Caracas) Leopoldo López é acusado de ordenar ataque armado ao prédio do Ministério Público, na tarde de quarta (12).

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Acusação

Pelo suposto envolvimento na ação, ele foi acusado de associação e incitação ao delito, ameaça, incêndio de prédio estatal, dano ao patrimônio público, homicídio, lesão corporal grave e terrorismo.

Também foram imputados pelos mesmos crimes o ex-embaixador venezuelano na Colômbia Fernando Gerbasi e Iván Carratú Molina, chefe militar do ex-presidente Carlos Andrés Pérez (1989-1993).

Gerbasi e Molina são acusados de terem feito uma ligação telefônica em que comentavam sobre o risco de mortes nos protestos.

Nenhum dos oposicionistas havia sido preso ou tinha se entregado até a noite de ontem. Agentes dos serviços de inteligência militar do governo fizeram uma busca na sede do Vontade Popular, partido de López.

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Relação

Os acusados negam ter relação com a violência e acusam milícias aliadas ao governo de terem provocado a destruição e as mortes. "Não tenho dúvidas de que havia infiltrados. Esse era o plano deles desde ontem [terça, 11]", afirmou López, antes de ter a prisão decretada.

O ex-prefeito disse ainda ter imagens de ataques feitos pelos milicianos contra os opositores, assim como direcionados ao ex-candidato presidencial opositor Henrique Capriles.

Estudantes

Nesta quinta (13), milhares de alunos de universidades do país protestaram contra a morte do estudante Bassil da Costa, 24 anos, baleado em Caracas. Além dele, morreram nos protestos o governista Juan Montoya, 40 anos, e Roberto Redman, 31 anos, morador de Chacao.

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As manifestações foram ignoradas pela imprensa estatal. O único canal que as cobriu, NTN24, foi retirado do ar sob a alegação de que incentivou a violência.Os protestos na Venezuela acontecem em meio a uma forte crise econômica.

Segundo o Banco Central, o desabastecimento atingiu o pior nível desde 2010. Faltam produtos básicos nas prateleiras e dólares para importação. A imprensa reclama de que não consegue comprar papel-jornal.

A instabilidade política e econômica também foi o motivo para que a Toyota anunciasse quarta (12) que manterá fechada sua fábrica no país.

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