O Parlamento grego discute neste domingo (8) a polêmica reforma das aposentadorias exigida pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), credores da dívida da nação, em meio a protestos convocados pelos sindicatos e na véspera de uma reunião do Eurogrupo sobre a Grécia. O controverso projeto de lei pretende aumentar as contribuições para as aposentadorias e elevar os impostos, em troca de um empréstimo outorgado no ano passado.
Em Atenas, onde milhares de pessoas protestaram pela manhã e à tarde, houve incidentes em frente à Casa Legislativa e a polícia utilizou gases lacrimogêneos na direção dos manifestantes, que lançaram rojões contra as forças antidistúrbios.
Segundo a imprensa local, jovens encapuzados jogaram coquetéis molotov durante a manifestação organizada pelos sindicatos, à qual compareceram aproximadamente 10 mil pessoas.
O governo quer que as medidas sejam votadas antes da reunião decisiva que acontece nesta segunda-feira (9), em Bruxelas, com os ministros das Finanças da zona do euro, que devem avaliar as reformas realizadas por Atenas.
“Basta de massacrar a previdência social”, “Parem a monstruosa reforma”, “Não à dissolução do sistema de aposentadorias”, diziam os cartazes dos manifestantes.
“Somos contra essas medidas que subestimam nossa inteligência. Nós não somos marionetes, somos cidadãos de um país democrático”, disse à AFP Eleni Karayianni, funcionária pública que tem sofrido com os vários cortes salariais desde o início da crise em 2010.
O sindicato público Adedy convocou uma manifestação diante do Parlamento, na noite de domingo (8), horas antes da votação prevista sobre a reforma, considerada um “saque” pelos sindicatos.
O governo de esquerda de Alexis Tsipras, que dispõe de uma maioria parlamentar mínima, com 153 deputados de 300, espera que, ao organizar a votação no fim de semana, em plenas férias da Páscoa ortodoxa, a reforma seja aprovada antes da reunião do Eurogrupo.
Isso pode ajudar os 19 ministros das Finanças da zona do euro a concluírem a primeira avaliação da implementação do plano de resgate e iniciarem o espinhoso debate sobre a dívida grega.
A reforma das aposentadorias prevê cortes das aposentadorias mais elevadas, a fusão de várias caixas, o aumento das cotações e a instauração de uma aposentadoria nacional de 384 euros para os que tiverem trabalhado 20 anos.
Durante a greve de 48 horas, convocada pelos sindicatos, a quarta desde a chegada ao governo de Tsipras, em janeiro de 2015, nenhum transporte público funcionou no país na sexta-feira (6) e no sábado (7).
“Cansada e decepcionada”
Apenas os deputados da coalizão governamental - do Syriza e do partido soberanista Anel - estão dispostos a votar a favor deste projeto. Os partidos da oposição, entre eles a formação conservadora Nova Democracia, indicaram que votariam contra o projeto de lei.
“As pessoas estão cansadas e decepcionadas com o governo de esquerda no poder (...), as manifestações não tiveram a repercussão que esperávamos”, lamentou à AFP Maria K., que participou do protesto deste domingo.
A reforma das aposentadorias é indispensável para “garantir a viabilidade do sistema para a segurança social” e bloquear o déficit dos planos de aposentadorias, indicou por sua vez o ministro do Trabalho, Georges Katrougalos, impulsionador desta tarefa.
Para Panayiotis Petrakis, professor de Economia na universidade de Atenas, as mobilizações não ameaçam a aprovação da lei. “A reforma será adotada e conseguir este voto antes do Eurogrupo é uma boa decisão”, afirmou. Mas “a distância entre Atenas e os credores, que exigem medidas adicionais de 3,6 bilhões de euros, continua sendo importante”, advertiu.
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