Dezenas de pequenas lojas foram destruídas na terça-feira em atos de vandalismo que acompanharam uma greve de impacto parcial convocada por líderes de oposição na maioria dos Departamentos bolivianos.
O protesto contra supostos "atos ditatoriais" do presidente Evo Morales foi forte no Departamento de Santa Cruz (leste), a "locomotiva" econômica do país e reduto da direita, e também no Departamento de Chuquisaca (sul), cuja capital, Sucre, reivindica ser sede do governo nacional.
Mas a paralisação teve pouquíssima força em quatro outras regiões, cujos líderes pareciam severamente questionados, enquanto nos outros três Departamentos do país, inclusive o de La Paz, reinou a completa normalidade, segundo a mídia local.
A violência nas cidades de Santa Cruz e Cochabamba, qualificada como "isolada" pelos líderes do protesto, também deixou pelo menos três feridos leves e dois veículos destruídos, segundo TVs que mostraram ativistas da oposição coagindo vendedores de mercados populares a aderirem à greve.
"Esta é uma paralisação pacífica pela democracia", disse a jornalistas o presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, Branco Marinkovic, ao minimizar a agressividade dos grupos de choque que apoiavam o protesto contra o governo.
"Para nós é lamentável que em nome de uma paralisação cívica se cometa vandalismo", disse o porta-voz do governo, Alex Contreras, que qualificou a greve como "parcial e sem apoio", supostamente parte de "uma conspiração dos velhos grupos do poder".
O protesto nos Departamentos governados pela oposição não indicava mudanças substanciais na longa disputa política entre o governo de Morales e a oposição de direita, cuja principal consequência por enquanto é a paralisação temporária da Assembléia Constituinte, criada há pouco mais de um ano para reformar as bases políticas do país.
A nova greve "dificilmente" trará danos à imagem de Morales, segundo o analista político Roger Cortés, já que o governante indígena e esquerdista mantém elevada popularidade.
"A (manifestação) de hoje é uma expressão que se reiterou várias vezes. As greves cívicas dos últimos meses mostraram uma crescente desmobilização e apatia dos cidadãos em cada um dos setores onde foram levadas a cabo", disse Cortés, professor da universidade pública de La Paz.
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