Um grupo internacional de médicos, apontado pela Igreja Católica Apostólica Romana, informou que não fará mais o julgamento dos milagres ocorridos no santuário francês de Nossa Senhora de Lourdes. O grupo, conhecido como CMIL, decidiu no final de semana que vai continuar a reconhecer casos de curas "extraordinárias", mas deixará que a igreja decida quais são milagres, disse o secretário do CMIL.
O doutor Patrick Theillier, médico francês que foi o primeiro a falar sobre os pedidos de reconhecimento de curas inexplicadas em Lourdes, disse nesta quarta-feira (3) que a medida soma-se aos pedidos para que a igreja atualize seus critérios de séculos atrás sobre milagres.
"É um tipo de protesto contra leis que não dizem e não devem dizer respeito a nós", disse Theillier em entrevista por telefone. "O corpo médico deve ser independente do poder eclesiástico".
"Antes, o que apresentávamos à igreja era um presente embrulhado, e tudo o que a igreja tinha a dizer era 'Eu aprovo', sem fazer muito esforço", disse Theillier, referindo-se à questão de julgar os milagres. "Agora, não."
A decisão também tomou corpo com o recente reconhecimento da comunidade médica sobre seus limites para diagnosticar e curar doenças ou ferimentos, em comparação com sua tendência entre meados e o final do século 20, disse ele. "A comunidade médica não tem tantas certezas sobre si mesma como tinha 20 ou 30 anos atrás", afirmou Theillier.
O santuário de Lourdes, no sopé das montanhas dos Pirineus, no sudoeste da França, recebe 6 milhões de peregrinos por ano, muitos dos quais acreditam que a água da fonte local tem o poder de curar e até mesmo de operar milagres. Mais de 7 mil peregrinos declararam ter se curado depois de banharem-se ou terem bebido a água de Lourdes, mas a igreja reconhece apenas 67 curas como milagrosas. As informações são da Associated Press.
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