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Honduras

Grupos de direitos humanos denunciam abusos em Honduras

Mortes suspeitas. Espancamentos. Polícia disparando a esmo. A vida sob o governo de facto de Honduras às vezes se parece estranhamente com o passado negro de regimes militares da América Latina.

Nos três meses desde que soldados derrubaram o presidente Manuel Zelaya e o levaram, de pijama, para fora do país, grupos de defesa dos direitos humanos hondurenhos e estrangeiros dizem que as forças de segurança cometeram uma série de abusos.

Eles relacionam pelo menos 10 mortes ao governo de facto de Roberto Micheletti, nomeado presidente após o golpe de 28 de junho. O governo admite que três pessoas morreram durante os protestos.

A Anistia Internacional disse em setembro que Honduras corre o risco de tornar-se um Estado sem lei, onde a polícia e os militares agem sem nenhum respeito aos direitos humanos.

A repressão aos protestos contra o golpe cresceram depois que Zelaya voltou ao país em 21 de setembro, se refugiou na embaixada brasileira e convocou seus simpatizantes a irem às ruas.

O grupo hondurenho de defesa dos direitos humanos Cofadeh disse ter várias informações de policiais disparando suas armas em áreas pobres de Tegucigalpa.

Alguns dos tiroteios aconteceram durante o toque de recolher durante a noite, imposto por Micheletti.

O desempregado Angel Manuel Osorto violou o toque de recolher ao sair de casa para pegar dinheiro emprestado para um tratamento médico para sua mulher grávida e seu filho de 13 anos foi atingido por um disparo dado por um policial numa motocicleta.

"Quando voltávamos para casa uma patrulha da polícia passou atirando. Uma das balas o atingiu", disse Osorto. "Graças a Deus ele está vivo."

Nessa mesma noite um simpatizante de Zelaya foi morto a tiros. Outros cinco foram hospitalizados com ferimentos a bala. "As pessoas estão aterrorizadas de sair à noite. Estou assustado com as autoridades", disse Osorto.

Os toques de recolher foram revogados em Honduras, mas Micheletti impôs um decreto de emergência que permite ao Exército e à polícia reprimir os protestos. E eles fazem isso atirando bombas de gás em qualquer pequena manifestação.

O chefe da polícia de Tegucigalpa, Leandro Osorio, negou os abusos e disse que grupos esquerdistas de defesa dos direitos humanos são parciais e favoráveis a Zelaya.

"Eles dirão que há várias pessoas feridas nos hospitais, mas isso não é verdade", disse ele à Reuters.

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