Heriberto Valdez (sentado) e Francisco Giron (ao fundo, de camisa branca) cometeram os crimes durante a guerra civil| Foto: Johan Ordonez/AFP

Um tribunal da Guatemala condenou nesta sexta-feira (26) dois ex-militares por manterem 15 mulheres indígenas como escravas sexuais durante a guerra civil do país (1960-1996).

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Francisco Reyes Giron, 59 anos, e Heriberto Valdez Asij, 74, foram sentenciados a 120 e 240 anos de prisão, respectivamente.

Os dois são “responsáveis como autores de delitos contra os direitos da humanidade, assassinato e sequestro”, escreveu a juíza Yassmin Barrios, na sentença.

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Após quase um mês de audiências, Reyes foi condenado por crimes contra a humanidade por manter as mulheres escravas entre 1982 e 1983, além do assassinato de uma mulher e suas duas filhas.

Segundo a investigação, Reyes comandava um batalhão militar na comunidade de Sepur Zarco, entre os departamentos de Alta Verapaz e Izabal, no noroeste do país, quando ocorreram os crimes.

Já Valdez foi condenado pelo crime de escravidão e também pelo sequestro de sete pessoas, maridos das mulheres escravizadas, durante o período de guerra.

Apesar das longas penas, a legislação guatemalteca estabelece limite máximo de 50 anos de prisão.

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“Este é um julgamento histórico no qual se reivindica a vida de mulheres que esperaram por mais de 30 anos para que a Justiça escutasse sua verdade”, disse à agência AFP Ada Valenzuela, presidente da União Nacional de Mulheres Guatemaltecas.

A ONG Anistia Internacional afirmou neste sábado (27) que a condenação foi uma vitória para a Justiça do país.

“As autoridades da Guatemala agora devem se assegurar que todas as vítimas de violência sexual, tortura em massa, assassinatos e desaparecimentos que ocorreram durante a bruta guerra civil no país obtenham justiça”, disse Erika Guevara-Rosas, diretora do grupo para as Américas.

A guerra civil guatemalteca durou 36 anos e deixou 200 mil mortos ou desaparecidos, segundo balanço das Nações Unidas que responsabiliza as forças do Estado por 93% dos casos.