1 milhão de menores de 18 anos vive em Gaza, segundo a Unicef. Eles representam mais da metade da população oficial, de 1,8 milhão da região. Entre as crianças, 250 mil têm menos de cinco anos. Estima-se que 20% dos mortos entre os civis sejam crianças.
Potencial
Com extensão de 325 km², uma longa e selvagem linha litorânea, a Faixa de Gaza tinha um grande potencial antes de o movimento islamita tomar seu controle em 2007 e Israel impor o bloqueio. A isso se unia um excepcional clima mediterrâneo propício para o cultivo de oliveiras, videiras e árvores frutíferas. Gaza tem posição estratégica para ligar os países árabes do Golfo ao restante do Oriente Médio.
Hamuda, de oito anos, vagueia pelas mesas do restaurante com uma caixa de papelão cheia de pacotes de tabaco e uma sacola transparente com alguns poucos shekels e um par de notas enrugadas.
O jejum diurno imposto pelo mês sagrado do Ramadã acabou e, embora os duros bombardeios israelenses continuem, os moradores de Gaza voltaram a encher os restaurantes do centro, transformado em um enorme campo de refugiados.
Entre eles, outras crianças mendigam ou tentam vender os mais variados produtos para levar um punhado de shekels para suas casas.
Poucos são os que têm tempo para brincar ou estudar nesse período de conflito, em que não há escola. Para dezenas de milhares de crianças na Faixa, empobrecida após sete anos de ferrenho bloqueio econômico e cerco militar israelense, um brinquedo ou um livro são um objeto de luxo que poucas famílias podem ter.
"Com o dinheiro que o Hamas e Israel gastaram nestes anos para se prepararem para a guerra, poderiam ter desenvolvido a Faixa e a transformado em um importante centro econômico e comercial", lamentou o advogado Salah al Batieh.
Futuro
Segundo dados do Unicef, em Gaza vivem cerca de um milhão de menores de 18 anos, mais da metade da população oficial, de 1,8 milhão, e 250 mil têm menos de cinco anos.
Deles, cerca de 90% vão à escola, número que cai dramaticamente até 59% dos meninos e 75% das meninas, quando começa o ensino médio.
Com uma taxa de desemprego de 60% na faixa dos jovens entre 20 e 25 anos, o futuro de meninos como Hamuda tem poucas esperanças e dá espaço ao fanatismo.
"Aqui não há nada para fazer. Não há trabalho, e menos ainda desde que fecharam os túneis" no Egito, explicou Mohamad al Shalabati, estudante de Farmácia que bebe chá e fuma narguilé em um dos poucos bares abertos.
"Nem temos o direito de emigrar e buscar um futuro no exterior porque estamos fechados aqui, sem chance de escapar. Se o Hamas conseguir com isto suspender o bloqueio, terá valido a pena", diz o jovem.
Com o bloqueio, a carência de infraestrutura e a má gestão da água, em 2020, Gaza deve se tornar um lugar hiperpovoado e inabitável.
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