A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse nesta segunda-feira (30) que deseja a ajuda do Irã na segurança da fronteira e no combate às drogas no Afeganistão, mas que não tem planos de se reunir com o representante de Teerã em um evento internacional.
Ela minimizou as expectativas em torno do seu primeiro contato com o Irã na conferência desta terça-feira (31) sobre o Afeganistão em Haia. Ela será a pessoa de mais alto escalão no governo Obama a se sentar à mesma mesa com um representante de Teerã.
"Não tenho planos (de uma reunião com os iranianos). Não posso antever o amanhã, mas estamos ansiosos para que todos desempenhem um papel construtivo", disse ela a jornalistas que a acompanham.
Hillary havia sugerido pessoalmente que o Irã envie um representante à conferência na Holanda, onde ela irá detalhar a nova estratégia dos EUA para a guerra do Afeganistão e pedirá apoio de aliados e de outros para implementar o plano.
A secretária afirmou que o Irã tem sido cooperativo desde a invasão norte-americana no Afeganistão, que se seguiu aos atentados de 11 de setembro de 2001.
A segurança na fronteira Irã-Afeganistão e o combate às drogas têm um efeito direto sobre o bem estar do Irã, e Teerã poderia ser particularmente útil nessas áreas, disse ela.
"Acredito que haverá uma abertura por esta conferência que permitirá a todos os países, inclusive o Irã, se apresentarem (mostrando) como desejam participar", afirmou Hillary.
"O fato de eles terem aceitado o convite sugere que eles acreditam que há um papel para que desempenhem, e estamos ansiosos por ouvir mais", acrescentou.
Ao contrário do que fazia o governo de George W. Bush, o governo de Barack Obama vem buscando ativamente um envolvimento dos EUA com o Irã, especialmente em questões de preocupação comum, como o Afeganistão.
A antecessora de Hillary, Condoleezza Rice, trocou amabilidades com o chanceler iraniano em conferências internacionais, mas sem nunca manter um diálogo substancial.
Em uma mensagem de vídeo ao Irã neste mês, Obama disse buscar um recomeço das relações com o Irã, que vive às turras com Washington a respeito de diversas questões, especialmente o programa nuclear do país.
Na segunda-feira, Hillary evitou dizer se buscaria mais punições caso o Irã insista em manter seu programa nuclear, que os EUA consideram ser parte do desenvolvimento de armas atômicas - algo que Teerã nega.
"Ficaremos focados no Afeganistão amanhã, e esse é o propósito dessa conferência", disse ela.