A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, pediu na quinta-feira aos países da América Latina que normalizem suas relações com Honduras, pois é hora de "avançar" depois do golpe de Estado de 2009.
"Achamos que Honduras deu passos importantes e necessários que merecem o reconhecimento e a normalização das relações", disse Hillary em entrevista coletiva durante viagem oficial à Costa Rica.
"Outros países da região dizem que querem esperar um pouco. Não sabemos o que estão esperando, mas é um direito deles esperar", afirmou.
Os EUA inicialmente condenaram o golpe de junho, mas depois admitiram a legitimidade da eleição de Porfirio Lobo como presidente, num pleito que foi organizado pelo governo golpista e não teve reconhecimento do Brasil e de outros governos da região.
Hillary realiza nesta semana uma viagem por seis países da América Latina, na qual ouviu novamente as queixas de que os EUA teriam sido brandos demais com os golpistas de Honduras.
Esse assunto, junto com a manutenção do embargo dos EUA a Cuba, afogou a esperança inicial de que sob o governo de Barack Obama haveria uma melhor relação de Washington com a América Latina.
A secretária, que na sexta-feira se encontra com Lobo e outros líderes regionais na Guatemala, disse ter notificado o Congresso dos EUA sobre o reinício do envio de mais de 30 milhões de dólares em ajuda não-humanitária a Honduras, que havia sido cortada depois do golpe que depôs o presidente Manuel Zelaya.
Por causa do golpe, Honduras perdeu cerca de 450 milhões de dólares em contribuições vindas da União Europeia, Venezuela, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento, o que acabou prejudicando principalmente os hondurenhos mais pobres.
Hillary reiterou os elogios à lisura da eleição hondurenha de novembro e a Lobo por cumprir os compromissos de restaurar a ordem constitucional no país. "Ele tem um governo de unidade. Ele tem uma comissão da verdade que será mantida. Ele promoveu a partida segura do ex-presidente Zelaya. Compartilhamos a condenação ao golpe que ocorreu, mas achamos que é hora de avançar e assegurar que tais perturbações da democracia não ocorram e não possam ocorrer no futuro".
O Brasil, em cuja embaixada Zelaya passou meses abrigado após ser deposto, não descarta estabelecer relações com o novo governo de Honduras, mas diz que espera uma posição conjunta com outros países da região.
Na quarta-feira, o chanceler Celso Amorim disse a Hillary que é importante lembrar que muitos países latino-americanos passaram pelo "trauma de viver sob uma ditadura militar depois de um golpe de Estado", e que isso influencia sua reação ao episódio hondurenho.
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