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60 anos

Hiroshima lembra os 60 anos do primeiro ataque nuclear da História

No dia em que o primeiro bombardeio nuclear da História completa 60 anos, dezenas de milhares de pessoas se reuniram em Hiroshima neste sábado para lembrar as mais de 300 mil vítimas da bombas atômicas lançadas pelos EUA sobre essa cidade japonesa e Nagasaki, com um apelo pelo desarmamento nuclear mundial até o ano de 2020.

Sob um sol forte, sobreviventes e familiares das vítimas reuniram-se no Parque da Paz Memorial, perto do local onde a bomba foi detonada na manhã de 6 de agosto de 1945, matando milhares de pessoas e destruindo a cidade.

Várias autoridades, entre as quais o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, participaram da cerimônia em Hiroshima, localizada 690 quilômetros a sudoeste de Tóquio.

Às 8h15m (horário local, 20h15m em Brasília), a hora em que o bombardeiro americano B-29 Enola Gay jogou a bomba, as pessoas no parque e em toda a cidade fizeram um minuto de silêncio a fim de lembrar as vítimas do ataque.

Sinos de templos e igrejas soaram e as pessoas que estavam em seus carros nas ruas curvaram suas cabeças para lembrar os que foram incinerados pela bomba há 60 anos quando dirigiam seus carros.

- Este 6 de agosto é um momento de herança, de despertar e de comprometimento, no qual herdamos o comprometimento com as vítimas da bomba de abolir as armas nucleares e criar um mundo onde haja realmente paz - disse o prefeito de Hiroshima, Tadotoshi Akiba, para uma multidão.

Akiba disse em sua declaração de paz que as cinco potências nucleares declaradas - EUA, Rússia, Grã-Bretanha, França e China - bem como Índia, Paquistão e Coréia do Norte estavam "colocando em perigo a sobrevivência da espécie humana".

A chave de tais momentos, explicou Tadatoshi, é uma advertência feita pelos próprios "hibakusha", como são chamados os sobreviventes da hecatombe nuclear: "Ninguém deveria sofrer como nós sofremos".

Em 6 de agosto de 1945, pouco depois da 8h da manhã, o bombardeiro americano "Enola Gay", lançou sobre Hiroshima a bomba de urânio "Little Boy", que explodiu às 8h15m, a 580 metros da superfícia dessa cidade ao sudoeste do Japão. Três dias depois, era a vez de Nagasaki, a oeste de Hiroshima, ser arrasada por outra bomba atômica de plutônico, que fora batizada de "Fat Man". Seis dias depois, em 15 de agosto de 1945, o Japão se rendia incondicionalmente aos EUA.

Só em 1945, morreram 140 mil pessoas por causa da bomba em Hiroshima. Em 2005, os nomes de 5.375 pessoas foram somados à lista de mortos, depois de elas terem sido reconhecidas como vítimas da destruição nuclear em Hiroshima. Com isso, o número oficial de vítimas do ataque nuclear na cidade subiu para 242.437. Em Nagasaki, 135 mil morreram vítimas do bombardeio.

Referindo-se às medidas para revisar a Constituição pacifista adotada pelo Japão depois da guerra, Akiba disse que é uma obrigação da atual geração manter o príncipio "de não matar".

- A Constituição japonesa, que incorpora esse ensinamento para sempre como a vontade soberana de uma nação, deve ser a luz que guia o mundo no século XXI - disse. No início desta semana o governista Partido Democrático Liberal divulgou esboço de uma drástica mudança na Constituição, propondo que o Exército possa não apenas atuar na defesa do país, mas também se juntar a esforços globais de segurança.

Os sobreviventes dos ataques, cuja média de idade atualmente é superior a 73 anos, temem que ao passo que eles forem morrendo, o mesmo acontecerá com as lembranças do ataque.

- Passar essa experiência é nossa grande preocupação - disse Sunao Tsuboi, de 80 anos, que lidera um grupo de sobreviventes.

- Ao passo que envelhecemos, o ódio contra a bomba atômica, até mesmo entre as vítimas, vai minguando...O dia 6 de agosto está sendo lembrado como 60º aniversário, mas eu me preocupo com o ano que vem.

A data marcando o primeiro ataque com bomba atômica da história é lembrada quando potências regionais, reunidas em Pequim, tentam convencer a Coréia do Norte a abrir mão de seu programa nuclear.

Esse programa é visto no Japão como uma ameaça em potencial e é um dos argumentos usados por alguns para defender que o governo japonês reforce seu aparato militar e aumente a cooperação no setor com os americanos.

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