O rei da Tailândia deu nesta segunda uma declaração pública pela primeira vez desde que o país entrou em crise política. Apesar de ser visto como esperança para solucionar a crise pacificamente, ele não mencionou nada sobre a disputa que fechou partes da capital Bangcoc. Falando do hospital onde está há mais de sete meses, o rei, Bhumibol Adulyadej, de 82 anos, disse a juízes empossados que eles devem realizar suas tarefas fielmente e ajudar a manter o país estável. "No país, pode haver pessoas que rejeitem suas funções, mas vocês podem ser o exemplo de que há aqueles que realizam suas tarefas de forma rigorosa e honesta."

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Pelo menos 26 pessoas foram mortas e quase mil ficaram feridas desde que os manifestantes contra o governo, chamados Camisas Vermelhas, começaram a ocupar partes de Bangcoc em meados de março, fechando hotéis cinco-estrelas e shopping centers e devastando a indústria do turismo no país.

"As palavras do rei serão interpretadas por alguns como um comunicado de apoio a aqueles que concordam que a polícia e o Exército têm fracassado na tarefa de manter a paz, a lei e a ordem", disse o professor Kevin Hewison, especialista em estudos tailandeses na Universidade da Carolina do Norte. "Mas suas palavras podem ser interpretadas em várias formas".

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A falta de uma anúncio claro da parte do rei sinaliza que ele não está preparado para ter um papel público na resolução da crise, como fez em 1973, quando interrompeu um derramamento de sangue durante um levante estudantil, e novamente em 1992, durante protestos contra os militares.

Como monarca constitucional, ele não tem poder político formal, mas o respeito que desperta faz dele um dos mais importantes mediadores do país.

O rei Bhumibol, nascido nos Estados Unidos, é o monarca há mais tempo no trono em todo o mundo e está hospitalizado desde 19 de setembro, com sinais de fadiga e falta de apetite. O palácio diz que ele está se recuperando de uma inflamação dos pulmões, mas não explicou por que ele está no hospital há tanto tempo.

O governo disse, nesta segunda-feira, que espera resolver o problema pacificamente, apesar dos problemas de negociação, mas acrescentou que não pode permitir que os protestos ocorram indefinidamente. "Temos de manter a paz e trazer a normalidade para a região", disse o porta-voz do governo, Panitan Wattanayagorn.

Os Camisas Vermelhas são, na grande maioria, trabalhadores rurais pobres que apoiam o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra e ativistas pró-democracia que se opõem ao golpe militar que o depôs em 2006 por acusações de corrupção. O grupo, formalmente chamado de Frente Unida pela Democracia contra a Ditadura, acredita que o governo do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva - apoiado pela elite urbana - é ilegítimo e recebeu ajuda dos militares para chegar ao poder.

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