A Igreja Católica de Honduras, criticada há três meses por abençoar o golpe militar que depôs o presidente Manuel Zelaya, surge agora como mediadora em uma possível solução negociada entre o líder deposto e o governo de facto.

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O arcebispo auxiliar de Tegucigalpa, Juan José Pineda, cruzou na quinta-feira o cordão militar que cerca a embaixada brasileira para conversar com Zelaya, refugiado no local desde que retornou clandestinamente ao país na segunda-feira.

"Como filho deste país e desta Igreja, eu quis assumir a responsabilidade de dar o primeiro passo e abrir esta porta para que haja diálogo", disse após o encontro.

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A Igreja Católica apoiou em nome da paz a queda de Zelaya em 28 de junho.

O cardeal Oscar Andrés Rodríguez Madariaga negou que foi um golpe militar. Seus comentários encheram os muros de Tegucigalpa com mensagens como "Oscar Andrés golpista" ou "Cardeal do mal".

Porém, o surpreendente retorno de Zelaya após quase três meses no exílio ofereceu uma oportunidade que a Igreja decidiu aproveitar.

Depois de Pineda, estiveram na embaixada brasileira quatro candidatos às eleições presidenciais de novembro para se engajar no que descreveram como diálogo.

"A Igreja sempre foi chamada para mediar conflitos", disse à Reuters Darwin Andino, outro bispo auxiliar de Tegucigalpa.

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"Às duas partes envolvidas pedimos que se sentem para dialogar (...) Já que Zelaya está aqui, há que se aproveitar o diálogo", acrescentou.

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