Tropas de Israel ficam em alerta na fronteira
São Paulo - Tropas israelenses ficaram ontem em alerta no norte do país, temendo que a crise política no Líbano transborde em uma nova onda de violência na fronteira, após o colapso do governo libanês.
O grupo extremista Hezbollah já esteve em conflito com Israel em 2006. Um alto oficial de Israel disse que os comandantes estão acompanhando de perto os eventos no Líbano, em busca de qualquer sinal de que o Hezbollah irá tentar aquecer a fronteira do norte para desviar a atenção da turbulência política.
O vice-primeiro-ministro israelense, Silvan Shalom, classificou como "muito frágil" a situação no Líbano. Ele disse que a crise do governo é um assunto interno libanês, mas que Israel tem "que estar preparado".
Histórico
A guerra de Israel contra o Hezbollah, em 2006, foi desencadeado por um ataque fronteiriço. Israel invadiu o Líbano e o Hezbollah retaliou com quase 4 mil foguetes disparados contra o norte israelense, em uma luta que matou cerca de 1,2 mil libaneses e 160 israelenses, segundo contagem oficial de cada lado. Desde então, a fronteira entre Israel e Líbano está tranquila.
Folhapress
Os países do Oriente Médio temem que crise política no Líbano pode se deteriorar ainda mais, após o Hezbollah forçar o fim da coalizão que governava o país desde novembro de 2009. Na quarta-feira, todos os ministros ligados ao grupo extremista renunciaram. Pela legislação do país, quando um terço do gabinete renuncia, o presidente deve formar um novo governo.
O Hezbollah, apoiado pela Síria e pelo Irã, deixou o governo em protesto contra a investigação do Tribunal Especial para o Líbano, da Organização das Nações Unidas (ONU), que investiga o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, pai do atual premier Saad Hariri. É possível que o tribunal indicie integrantes do Hezbollah no assassinato.
"O Hezbollah está fazendo uma aposta arriscada, confiante de que seu domínio militar lhe dará vantagem caso a política saia do Parlamento em direção às ruas", disse Steven Heydemann, assessor especial sobre o mundo muçulmano para o United States Institute of Peace, em artigo publicado pelo site da revista Foreign Policy.
Ontem, duas granadas foram jogadas contra a sede do Movimento da Frente Patriótica, do político cristão Michel Aoun, aliado do Hezbollah. Ninguém ficou ferido, mas o ataque evidenciou o clima de forte tensão que se agravou no país após a queda do governo.
Na fronteira com o Líbano, as tropas de Israel foram colocadas em alerta (leia mais ao lado). Em Doha, representantes da Liga Árabe analisavam a proposta para uma reunião de emergência para tratar da crise libanesa.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, disse estar preocupado com a possibilidade de o Líbano entrar novamente no caos. "Isso é ruim, tenso, ameaçador", disse ele sobre a situação. "Todos nós temos de trabalhar juntos para chegarmos a algum tipo de acordo."
Cenários
Segundo analistas, uma solução possível para a atual crise seria o próprio Saad Hariri deslegitimar o tribunal da ONU como primeiro-ministro, ele tem poder para isso. Mas a opção o colocaria numa situação delicada: além de a investigação em curso ser a respeito da morte de seu próprio pai enfraquecê-la pegaria muito mal perante a comunidade sunita, sua base de apoio , ele deixaria de ter qualquer autoridade caso abandonasse as regras da lei.
Ontem, o líder do Parlamento do Líbano, Nabih Berri, disse que as consultas para indicar um novo primeiro-ministro para o país começarão na segunda-feira da próxima semana.
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