Militar libanês é visto próximo da bandeira do país: busca por um novo líder deve começar na segunda-feira| Foto: Joseph Eid/AFP

Tropas de Israel ficam em alerta na fronteira

São Paulo - Tropas israelenses ficaram on­­tem em alerta no norte do país, temendo que a crise política no Líbano transborde em uma no­­va onda de violência na fronteira, após o colapso do governo li­­banês.

O grupo extremista Hezbollah já esteve em conflito com Israel em 2006. Um alto oficial de Is­­rael disse que os comandantes estão acompanhando de perto os eventos no Líbano, em busca de qualquer sinal de que o Hez­­bol­­lah irá tentar aquecer a fronteira do norte para desviar a atenção da turbulência política.

O vice-primeiro-ministro is­­raelense, Silvan Shalom, classificou como "muito frágil" a situação no Líbano. Ele disse que a cri­­se do governo é um assunto interno libanês, mas que Israel tem "que estar preparado".

Histórico

A guerra de Israel contra o Hez­­bollah, em 2006, foi desencadeado por um ataque fronteiriço. Israel invadiu o Líbano e o Hez­­bollah retaliou com quase 4 mil foguetes disparados contra o norte israelense, em uma luta que matou cerca de 1,2 mil libaneses e 160 israelenses, segundo contagem oficial de cada lado. Desde então, a fronteira entre Israel e Líbano está tranquila.

Folhapress

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Os países do Oriente Médio te­­mem que crise política no Líbano pode se deteriorar ainda mais, após o Hezbollah forçar o fim da coalizão que governava o país desde novembro de 2009. Na quar­­ta-feira, todos os ministros ligados ao grupo extremista renunciaram. Pela legislação do país, quando um terço do gabinete renuncia, o presidente deve formar um novo governo.

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O Hezbollah, apoiado pela Síria e pelo Irã, deixou o governo em protesto contra a investigação do Tribunal Especial para o Líba­­no, da Organização das Nações Unidas (ONU), que investiga o as­­sassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, pai do atual premier Saad Hariri. É possível que o tribunal indicie integrantes do Hezbollah no assassinato.

"O Hezbollah está fazendo uma aposta arriscada, confiante de que seu domínio militar lhe dará vantagem caso a política saia do Parlamento em direção às ruas", disse Steven Heydemann, assessor especial sobre o mundo muçulmano para o United States Institute of Peace, em artigo pu­­blicado pelo site da revista Foreign Policy.

Ontem, duas granadas foram jogadas contra a sede do Movi­­mento da Frente Patriótica, do político cristão Michel Aoun, aliado do Hezbollah. Ninguém ficou ferido, mas o ataque evidenciou o clima de forte tensão que se agravou no país após a queda do go­­verno.

Na fronteira com o Líbano, as tropas de Israel foram colocadas em alerta (leia mais ao lado). Em Doha, representantes da Liga Ára­­be analisavam a proposta para uma reunião de emergência para tratar da crise libanesa.

O secretário-geral da Liga Ára­­be, Amr Moussa, disse estar preocupado com a possibilidade de o Líbano entrar novamente no caos. "Isso é ruim, tenso, ameaçador", disse ele sobre a situação. "Todos nós temos de trabalhar juntos para chegarmos a algum tipo de acordo."

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Cenários

Segundo analistas, uma solução possível para a atual crise seria o próprio Saad Hariri deslegitimar o tribunal da ONU – como primeiro-ministro, ele tem poder pa­­ra isso. Mas a opção o colocaria numa situação delicada: além de a investigação em curso ser a respeito da morte de seu próprio pai – enfraquecê-la pegaria muito mal perante a comunidade sunita, sua base de apoio –, ele deixaria de ter qualquer autoridade ca­­so abandonasse as regras da lei.

Ontem, o líder do Parlamento do Líbano, Nabih Berri, disse que as consultas para indicar um no­­vo primeiro-ministro para o país começarão na segunda-feira da próxima semana.