Moradores de Tóquio assistem ao discurso do imperador em loja de eletrônicos| Foto: Issei Kato/Reuters

Tóquio - O imperador Akihito fez ontem um inédito discurso pela televisão à população do Japão, expressando profunda preocupação com a crise na usina nuclear de Fu­­kushima, e pedindo solidariedade à população. Com aspecto sombrio e estoico, Akihito, de 77 anos, firmou que os problemas nos reatores nucleares eram imprevisíveis após um terremoto que ele descreveu como sendo "de uma escala sem precedentes".

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As emissoras de televisão japonesas interromperam sua programação para mostrar a primeira aparição pública do imperador desde o terremoto e do tsunami que mataram milhares de pessoas na sexta-feira passada. "Estou profundamente magoado com a grave situação nas áreas afetadas. Aumenta a cada dia o número de mortos e desaparecidos, e não temos como saber quantas vítimas haverá. Minha esperança é de que o máximo possível de pessoas sejam encontradas a salvo", disse.

"Espero do fundo do meu coração que as pessoas, de mãos dadas, se tratem umas às outras com compaixão, e superem esses momentos difíceis", afirmou ele, pedindo aos sobreviventes que "não abandonem a esperança".

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O Japão passa por uma crise que o primeiro-ministro, Naoto Kan, disse ser a mais grave no país desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o país precisou se reconstruir depois de uma derrota devastadora.

China suspende construção de novas usinas

O governo chinês decidiu suspender a construção de novas usinas nucleares no país até aprovar um novo código de segurança para evitar acidentes como o ocorrido no Japão. A China possui 13 usinas em funcionamento e vinha apostando em seu programa nuclear para suprir a crescente demanda por energia. É o país com mais reatores em construção no mundo, 27 de um total de 65.

O documento do governo que determina a suspensão não especifica um prazo para a retomada das obras, mas tenta acalmar a população ao afirmar que não foram registradas elevações de radiação no país, apesar das explosões na usina japonesa de Fukushima 1. As notícias vindas do país vizinho, e as muitas incertezas sobre o que de fato acontece dentro da central japonesa, provocaram uma espécie de pânico nos chineses. Segundo o jornal "Financial Times’’, houve uma corrida às farmácias de Pequim para comprar pílulas de iodo, substância que protege a glândula tireoide e reduz o risco de câncer.

Outros países tiveram reação semelhante. O governo espanhol ordenou uma checagem nas condições de segurança de suas usinas. Na França, tanto a Assembleia Nacional quanto o Senado pediram abertura de comissões de inquérito para analisar o futuro da indústria nuclear no país.

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