Centenas de iraquianos revoltados se concentraram nesta quinta-feira em torno dos escombros de um mercado de Bagdá alvo de um atentado no qual 72 pessoas foram mortas, e exigiram melhor proteção do governo depois que as tropas dos Estados Unidos se retirarem para suas bases.
Uma sucessão de explosões fez surgirem dúvidas sobre a habilidade das forças iraquianas de manter o controle do país diante de grupos insurgentes persistentes, já que os Estados Unidos devem completar a retirada de suas tropas das cidades e vilarejos iraquianos até 30 de junho.
A violência havia caído drasticamente em todo o Iraque no último ano, mas os militantes, entre os quais o grupo islâmico sunita Al Qaeda, continuam a realizar atentados suicidas e com carros-bomba, com o objetivo de minar o governo liderado por muçulmanos xiitas e voltar a reacender o conflito sectário.
Moradores do bairro miserável de Cidade Sadr, região de Bagdá onde na quarta-feira ocorreu o atentado no mercado, choravam e se abraçavam. Muitos, irados, praguejavam contra as autoridades. A explosão ocorreu quatro dias depois de soldados dos EUA terem entregue o controle da área às forças iraquianas.
"Prevejo mais explosões", disse à Reuters o dono de mercearia Mustafa Hussain, de 33 anos, no local do atentado, onde despojos, farrapos de roupas ensanguentadas e sapatos ainda estavam espalhados.
"As forças iraquianas não têm experiência suficiente e não revistam os carros direito nos postos de controle. Elas têm de provar sua habilidade ao povo", acrescentou.
O taxista Jawad Kadhim, de 40 anos, também de Cidade Sadr, disse que o ataque tinha como objetivo provocar o ódio sectário.
"Os grupos terroristas querem mandar a mensagem de que quando as tropas dos EUA deixarem as cidades haverá um vácuo na segurança", disse ele. "Segurança relaxada e corrupção nos postos de controle são as principais razões por que tememos pelo que pode vir depois."
Um potente caminhão-bomba matou 73 pessoas no sábado na cidade de Kirkuk, no norte do país. Esse atentado e o de Cidade Sadr foram os mais sanguinários no país em mais de um ano.
"A natureza política desses ataques está ficando clara. Eles são uma tentativa de retardar ou suspender a remoção das forças dos EUA dos centros urbanos iraquianos conforme especificado no cronograma de retirada", disse o vice-presidente do país, Tareq al-Hashemi, em um comunicado.
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode
Deixe sua opinião