Além do presidente deposto Manuel Zelaya e de seus aliados, o golpe desferido em 28 de junho na capital hondurenha causou uma outra vítima, que está se tornando cada vez mais evidente: a economia.

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Três meses e meio de impasse político aproximaram Honduras - o terceiro país mais pobre do Hemisfério Ocidental - do fundo do poço. A ameaça fez do eventual acordo, hoje, entre Zelaya e o governo de facto de Roberto Micheletti tornar-se não apenas o caminho para o retorno à normalidade democrática, mas também uma das últimas chances de evitar que a economia hondurenha entre em queda livre nos próximos meses.

Honduras já havia sido gravemente afetada pela crise internacional e, desde novembro, os indicadores são preocupantes. A inflação, por exemplo, aumentou 60% em menos de um ano. A destituição de Zelaya piorou o cenário. Em resposta ao golpe, a comunidade internacional praticamente fechou a torneira da ajuda financeira, da qual Honduras é dependente. Estima-se que hoje a quantia de auxílio seja 80% menor do que antes de 28 de junho e a projeção do índice de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2009 foi de 1% para até 4 pontos porcentuais negativos.

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Antes do golpe, os principais setores do empresariado hondurenho faziam uma oposição ferrenha a Zelaya, cuja política econômica incluiu a duplicação do salário mínimo e a ampliação do papel do Estado na economia. "Tratava-se de uma agressão contra a empresa privada", disse Adolfo Facussé, presidente da Associação Nacional de Indústrias (Andi). Ele culpa Zelaya pelo surto inflacionário. Cerca de 180 mil hondurenhos perderam o emprego desde novembro e, atualmente, 60% da população economicamente ativa não têm trabalho formal.

Os efeitos do golpe são nítidos na economia real. Em meio à instabilidade, o custo da gasolina saltou depois que o governo de facto retirou os subsídios que eram praticados por Zelaya, elevando subitamente custos de transporte. Em questão de dias, o preço do galão subiu de cerca de 45 lempiras (US$ 2,5) para mais de 60 lempiras (US$ 3,2).O governo de facto, no entanto, agora promete baixar o preço dos combustíveis.

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